Alterações morfológicas em plantas do gênero Urochloa P. Beauv. submetidas a três condições de umidade do solo.
Abstract
O arroz é uma cultura com extrema importância para o estado do Rio Grande do Sul. A produtividade desta cultura é afetada por diversos fatores, sendo a competição com plantas daninhas, um dos principais responsáveis por perdas em produção. Dentre as plantas daninhas ocorrentes nas lavouras de arroz, as poáceas são as principais competidoras com a cultura. Urochloa plantaginea e Urochloa platyphylla são duas espécies que são encontradas infestando as áreas onde se produz arroz irrigado. Ambas são descritas como ocorrentes em ambientes mais secos, apesar de que U. platyphylla, pode ser encontrada também em ambientes úmidos. Visto que estas espécies são de ocorrência natural em ambientes mais secos, mas têm sido encontradas nas áreas mal drenadas de arroz, o presente trabalho teve como objetivo avaliar e quantificar quais parâmetros morfofisiológicos das plantas sofrem alterações quando estas são submetidas a desenvolverem-se em ambientes com diferentes quantidades de água no solo. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, com controle de irrigação, mantendo as unidades experimentais com diferentes quantidades de água no solo. Cada espécie foi submetida a desenvolver-se na condição de água em 50% da capacidade de campo, 100% da capacidade de campo e sob lâmina d‟água de 5 cm. Durante a condução do experimento, realizou-se a coleta de material vegetal de raiz, caule e folha, para confecção de lâminas e avaliação do comportamento anatômico das espécies em função dos tratamentos, bem como a realização de medidas de caracteres vegetativos e reprodutivos. Os resultados obtidos no experimento mostram que ambas as espécies completaram seu ciclo biológico sob as três diferentes quantidades de água no ambiente. Houve diferenças estatisticamente significativas na duração do ciclo de cada espécie. Urochloa plantaginea teve maior ciclo quando desenvolvida sob a condição de 50% da capacidade de campo, enquanto que U. platyphylla apresentou maior ciclo sob a condição de lâmina d‟água. A condição de lâmina d‟água levou as duas espécies a emitirem primeiro as inflorescências, ocorrendo encurtamento do período vegetativo. Os níveis de massa seca de parte aérea foram maiores para as duas espécies quando desenvolvidas sob a condição de 100% da capacidade de campo. A menor quantidade de água (50% da capacidade de campo) promoveu maior crescimento radicular para ambas as espécies, ocorrendo maior produção de massa seca nesta. Os resultados encontrados nas análises anatômicas mostram o aumento na formação de aerênquimas para as duas espécies, à medida que se aumenta a quantidade de água no solo. Sob lâmina de água há maior diâmetro de aerênquima e menor diâmetro do mesofilo foliar e do cilindro central radicular. Em relação ao caule, a condição de lâmina de água aumenta o diâmetro da medula fistulosa e reduz o número de aerênquimas corticais.