Dinâmica fitossociológica e de crescimento de um fragmento florestal manejado em 1993, no noroeste do RS
Abstract
Passadas duas décadas de proibição do uso comercial das florestas nativas do Rio Grande do
Sul, iniciam-se os primeiros estudos sobre o efeito dos Planos de Manejo Florestal em
Regime Sustentado (PMFS). Estes trabalhos irão mostrar, principalmente, qual foi o real
efeito dos PMFS em nossas florestas naturais e, subsidiar a alteração da atual legislação em
favor do retorno do uso sustentável de nosso patrimônio florestal. Este trabalho tem por
objetivo analisar um fragmento de floresta localizado em área de transição entre a Floresta
Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual onde foi desenvolvido um PMFS no ano de
1993. A área de 52 ha se localiza no município de Erval Seco na região Noroeste do Rio
Grande do Sul, Brasil. Para tanto, foram instaladas 31 unidades amostrais de 20 x 50 m em
uma grade sistemática e 125 x 125 m. Nas unidades foram levantadas as informações de
diâmetro, ponto de inversão morfológica, altura comercial, altura total, qualidade, sanidade e
posição fitossociológica de todos os indivíduos com mais de 10 cm de diâmetro além da
identificação botânica a nível de família, gênero e espécie. Também foram coletados rolos de
incremento foram coletados dos indivíduos com DAP médio, DAP máximo, DAP mínimo,
DAP médio máximo e DAP médio mínimo de cada parcela. As informações de crescimento
foram relacionadas com os dados climáticos obtidos junto ao Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) e da estação automática de Frederico Westphalen - RS no banco de
dados do Laboratório de Agroclimatologia (LAGRO). Os resultados indicaram a diversidade
de espécies em 2013 é maior do que em 1993, hoje a área comporta 81 espécies de 66 gêneros
e 33 famílias botânicas. O inventário de 2013 propôs a divisão da área em dois estratos em
função da grande diferença no estoque de madeira, sendo: Estrato1 com 152 m³.ha-1 e o
Estrato 2 com 43 m³.ha-1. Nenhum dos estratos atingiu os 155 m³.ha-1, que deveria ser o
estoque remanescente após o PMFS em 1993. A Araucaria angustifólia, considerada
isoladamente, respondeu de forma positiva ao PMFS e aumentou tanto o número quanto o
volume médio das árvores, quando comparado com 1993. O incremento médio anual nos
últimos vinte anos para a Araucaria angustifolia foi de 0,81 cm, variando de 0,26 cm a 1,39
cm. Os anéis anuais de crescimento da Araucaria angustifolia apresentaram correlação linear
com a temperatura média anual. A equação resultante da interação foi Inc = -
0,09249+0,044913.Tmed, com R² de 0,28, Syx de 5,42% e CV de 5,57. De modo geral o
fragmento ainda não recuperou o estoque de 1993, porém aumentou sua biodiversidade.
Considerando exclusivamente a Araucaria angustifólia a intervenção mostrou-se muito
favorável ao crescimento e perpetuação da espécie.