Liberação de Trichogramma pretiosum (Hym.: Trichogrammatidae) e avaliação de Trichogrammatidae em posturas de Spodoptera frugiperda (Lep.: Noctuidae) na cultura do milho
Resumo
A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith), é considerada a principal praga da cultura do milho. O controle das lagartas é realizado através da aplicação de inseticidas, que podem provocar vários problemas ambientais. Na busca de métodos alternativos de controle, parasitóides de ovos do gênero Trichogramma vêm sendo utilizados em programas de controle biológico aplicado, por serem agressivos na procura pelo hospedeiro. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar aspectos relacionados à eficiência de controle de S. frugiperda, na cultura do milho, com Trichogramma pretiosum. Os ensaios foram realizados em duas safras: 2006/2007, no 10º Distrito Arroio Grande, Santa Maria, RS e 2007/2008, em duas épocas, em Pinheirinho, Santa Bárbara do Sul, RS, onde foram comparadas três situações: uma área foi mantida apenas com controle natural de S. frugiperda, outra com liberação de cerca de 110 mil T. pretiosum por hectare e, uma terceira, com aplicação de controle químico com 150 mL/ha de Rimon® 100 EC (novarulon) e 60 mL/ha Lannate® BR (metomil), sendo cada área com 30 x 30 m. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com amostragens nas parcelas. Cada safra e época foram consideradas uma repetição, totalizando, portanto, três repetições. Todas as áreas foram divididas em 16 parcelas cada uma, onde foram realizadas as avaliações. Foram amostradas ao acaso e avaliadas seis plantas/parcela, sendo que as plantas eram examinadas quanto: à presença ou não de posturas de S. frugiperda, à localização das posturas na planta e na superfície da folha, e à presença ou não de danos causados pela lagarta-do-cartucho. As avaliações foram realizadas diariamente, diminuindo a periodicidade conforme diminuía a presença de posturas. Em cada data, foi verificado o estádio fenológico das plantas e, diariamente, registradas a temperatura do ar e a precipitação pluviométrica. Ao final do cultivo, foi avaliado o rendimento. As posturas coletadas
foram conduzidas ao Laboratório de Entomologia do Departamento de Defesa Fitossanitária, CCR/UFSM, onde foram acondicionadas em cápsulas gelatinosas para remédio e, posteriormente, analisadas quanto à eclosão de lagartas ou à emergência de parasitóides. Os parasitóides machos emergidos foram identificados. Como resultados principais, pode-se destacar que: S. frugiperda apresentou preferência em ovipositar na região mediana da planta e na superfície abaxial da folha e, preferencialmente, em estádios iniciais (V1-V8) da cultura; o parasitismo natural em ovos de S. frugiperda por tricogramatídeos foi baixo; no RS, os ovos de S. frugiperda podem ser parasitados por T. pretiosum, Trichogramma atopovirilia, Trichogramma rojasi e Trichogrammatoidea sp., com predomínio dos dois primeiros (cerca de 70% e 30% dos parasitóides identificados, respectivamente); T. rojasi e, possivelmente, Trichogrammatoidea sp. tiveram o primeiro registro de ocorrência em ovos de S. frugiperda no presente trabalho; plantas sem danos causados pela lagarta-do-cartucho predominam até o estádio V5 e, com danos mais severos (folha perfurada), de V6 a V10; o controle químico não interfere tanto no número de ovos e de posturas S. frugiperda quanto na população de parasitóides; e uma liberação inundativa de T. pretiosum não resulta em acréscimo no índice de ovos parasitados nem no rendimento da cultura de milho.