Macroinvertebrados associados à Vriesea friburgensis Mez (bromeliaceae) em floresta ribeirinha, Santa Maria, RS, Brasil
Resumo
Os estudos sobre fauna bromeliolícola são cada vez mais difundidos, não apenas devido a sua
importância no conhecimento sobre a diversidade animal, mas principalmente graças à
dinâmica ecológica atuante nestes sistemas, já que suas regras básicas poderiam ser aplicadas
em sistemas mais complexos. As folhas da maioria das espécies de bromélias são arranjadas
de maneira espiralada em uma roseta, formando uma cisterna, ou tanque, a qual acumula água
da chuva, sedimentos do dossel e inúmeros outros detritos. A decomposição destes detritos
contém muitos nutrientes, os quais são utilizados não apenas pela bromélia, através dos
tricomas, localizados em suas folhas, mas também por diversos outros organismos que
participam destas intricadas relações. Durante esta pesquisa foram coletadas 24 bromélias, 12
epífitas, 12 de solo, da espécie Vriesea friburgensis, no decorrer de um ano, e examinadas em
busca de organismos macroscópicos, os quais foram fixados em álcool 70% e identificados.
Estes organismos estão distribuídos em sete classes, 20 ordens e 50 famílias. As classes que
se destacaram foram Insecta e Arachnida. As ordens mais abundantes foram Coleoptera
(45,3%), Hymenoptera (23,5%), Aranea (11,0%) e Diptera (9,7%). Do total de organismos
coletados, 90% estão compreendidos em 15 famílias e, destas, as três mais observadas foram
Hydrophilidae (37,7%), Formicidae (23,5%) e Hahnidae (5,4%), as quais compreendem 67%
da abundância relativa na comunidade. As famílias que apresentaram o maior índice de
freqüência relativa foram Hydrophilidae (62,5%), Hahnidae (58,3%) e Formicidae (54,2%).
Foi constatado que bromélias epífitas diferem das de solo, e que certos organismos possuem
preferências por uma ou por outra, além de que as bromélias epífitas apresentaram menor
biodiversidade (H : 1,818) em relação aquelas caídas ao solo (H : 2,923). Durante o outono
foi encontrado o maior número de organismos (412), seguido pelo inverno (226), primavera
(226) e verão (190). A riqueza de famílias foi maior durante o outono (37), seguida do
inverno (29), verão (27) e primavera (18). A utilização deste ecossistema como modelo e
exemplo de relações politróficas é fato concreto e, cabe à sistemática aproveitar esta
diversidade para elucidar com clareza quais espécies dependem, exclusivamente, das
bromélias para realizar seus ciclos vitais.