Uso do habitat por pequenos mamíferos em um mosaico de floresta - campo no extremo sul da Floresta Atlântica
Resumo
A distribuição macro e micro-espacial de pequenos mamíferos não-voadores em uma área de mosaico entre Floresta Atlântica e Pampa foi investigada. Foi utilizada uma grade com 88 armadilhas, 27 foram instaladas no sub-bosque a cada duas armadilhas instaladas no solo, as quais distavam 70 m uma da outra. Foram realizadas 17 fases mensais de campo, durante cinco dias, de junho de 2011 a outubro de 2012, totalizando um esforço amostral de 7480 armadilhas-noite. Uma análise de variância (ANOVA) foi utilizada para verificar se existem diferenças na riqueza, abundância total e abundância de cada espécie entre as fitofisionomias de campo, borda e interior de floresta. Também foi testada a existência de diferenças na massa corporal dos indivíduos para cada espécie, entre essas fitofisionomias. Onze variáveis ambientais mensuradas foram resumidas através de uma análise de componentes principais (PCA). Posteriormente, foi realizada uma análise de regressão linear múltipla entre a riqueza e a abundância total e de cada espécie e os dois primeiros eixos do PCA. As variáveis ambientais brutas foram relacionadas com a abundância de mamíferos por meio de uma análise de redundância (RDA). A análise de variância não mostrou diferença na riqueza e abundância total das espécies para nenhuma das fitofisionomias. Oligoryzomys nigripes foi mais abundante na fitofisionomia de campo (Q = 1,88, P = 0,0009). Quanto à massa corporal, houve diferença significativa para Akodon montensis (Q = 1824, P = 0,046) e O. nigripes (Q = 1262,1, P = 0,001). O primeiro eixo da PCA, associado com Didelphis albiventris e O. nigripes estiveram associadas (r = 0,06; P = 0,022; r = 006; P = 0,018, respectivamente), foi relacionado às variáveis que caracterizam ambientes florestais. A análise de variância mostrou que a complexidade ambiental não é o principal fator que influencia a riqueza e a abundância das espécies na área estuda, porém houve diferenças no padrão de distribuição dos indivíduos conforme a idade, com indivíduos adultos selecionando ambientes distintos dos jovens. A RDA mostrou que a abundância de A. montesis foi influenciada pela dispersão zoocórica e número de epífitas, já D. albiventris e O. nigripes foram relacionados a ambientes florestados, com maior número de árvores, DAP e folhiço. Esses últimos foram correlacionados também a ambientes campestres, com D. albiventris se relacionando a locais com presença de samambaias e distantes da água e O. nigripes a ambientes com alta abundância de gramíneas.