Estrutura populacional, biologia reprodutiva e ecologia alimentar de Loricariichthys melanocheilus Reis & Pereira, 2000 (Siluriformes, Loricariidae) no rio Ibicuí, RS, Brasil
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi avaliar aspectos da estrutura populacional, biologia reprodutiva e ecologia alimentar de Loricariichthys melanocheilus no rio Ibicuí. Os peixes foram coletados bimestralmente em ambientes lênticos e lóticos no rio Ibicuí, entre os municípios de São Vicente do Sul e Itaqui, utilizando redes de espera e feiticeiras, com revisão a cada seis horas no período de 24 horas. A estrutura populacional foi avaliada através da distribuição sazonal e espacial, das variações bimestrais nos tamanhos médios, proporção sexual total, bimestral e por classes de comprimento e relação peso/comprimento. As fêmeas atingiram tamanhos maiores que os machos e a proporção sexual encontrada foi de 1,38 fêmeas para cada macho, com algumas variações bimestrais. A espécie apresentou crescimento alométrico positivo, com maior incremento em peso do que em comprimento durante o desenvolvimento ontogênico. Os machos apresentaram maior fator de condição que as fêmeas, sendo mais elevado em junho/julho. Já as fêmeas não apresentaram variações neste índice durante o período de estudo. Os valores do fator de condição gonadal, índice gonadossomático e a frequência de indivíduos maduros indicam que o período reprodutivo da espécie se inicia em agosto/setembro, com pico em outubro/novembro e desova nos meses seguintes. Em relação à ecologia alimentar, L. melanocheilus apresentou hábito alimentar detritívoro, consumindo ainda sedimento, matéria orgânica vegetal, Nematoda, insetos das ordens Diptera, Trichoptera, Ephemeroptera e Odonata, algas, microcrustáceos, fungos, protozoários e outros invertebrados. A dieta apresentou poucas variações sazonais, ambientais e por classes de comprimento. A espécie não apresentou atividade alimentar intensa, sendo esta mais elevada em períodos anteriores ou posteriores ao período reprodutivo e em ambientes lênticos. O quociente intestinal de 1,51 foi menor do que registrado para outras espécies da família e apresentou variações sazonais e de acordo com as classes de comprimento, em resposta às variações na dieta.