Perdas de água e variações na temperatura de um argissolo vermelho em função de diferentes quantidades de resíduos vegetais na superfície e espaçamentos entre linhas do feijoeiro
Resumo
A irrigação é uma alternativa para minimizar as oscilações na produção e produtividade de grãos devido à deficiência hídrica. Entretanto, para uma produção sustentável, a irrigação deve ser manejada de forma a evitar desperdícios de água e aumentar a eficiência deste recurso hídrico. Para isso, no manejo de irrigação tornase fundamental o conhecimento de uma série de variáveis, relacionadas ao solo e às
culturas, em resposta a diferentes condições de cultivo. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as perdas de água e as variações na temperatura de um solo cultivado com feijão com diferentes espaçamentos entre
linhas e quantidades de resíduos vegetais depositados na superfície do solo. O experimento foi realizado em área experimental do Departamento de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria, RS, no ano agrícola de 2010/11, no interior de uma cobertura móvel. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, bifatorial, com três repetições. O fator A foi constituído de
três espaçamentos entre linhas de cultivo 30, 50 e 70 cm. O fator B constituiu-se de duas quantidades de resíduos vegetais na superfície do solo: 1 Mg ha-1 de resíduos
de milho e 5 Mg ha-1 de resíduos de milho+aveia preta. O conteúdo de água do solo foi determinado por um conjunto FDR (Reflectometria no domínio de freqüência, Campbell Scientific), nas camadas do perfil do solo de: 0 a 10, 10 a 25, 25 a 55 e 55 a 85 cm de profundidade. Avaliou-se diariamente o armazenamento de água no solo, perdas diárias e perdas acumuladas de água do solo. Para avaliação da temperatura do solo foram utilizados termopares, constituídos de cobre e
constantan, instalados nas profundidades de 3, 8, 15 e 35 cm do perfil do solo. Foram realizadas avaliações morfológicas das plantas de feijão (área foliar e altura de plantas) e determinado a fração de cobertura da entre linha pelo dossel
vegetativo da cultura. As plantas de feijão foram, em média, 7 cm mais altas no solo mantido com 5 Mg ha-1 de resíduos de milho+aveia preta na superfície. A cobertura da entre linha pelo dossel vegetativo do feijoeiro ocorreu primeiramente no
espaçamento entre linhas de 30 cm, aos 47 dias após a semeadura, e, nos espaçamentos entre linhas de 50 e 70 cm ocorreu aos 61 dias após a semeadura, com o máximo índice de área foliar das plantas de 6,8. As perdas de água do solo
acumuladas durante o ciclo de desenvolvimento da cultura do feijão, nas diferentes camadas do perfil do solo, até 85 cm de profundidade, não foram afetadas pelos espaçamentos entre linhas de cultivo de 30 a 70 cm. Na fase inicial de desenvolvimento da cultura do feijão, período compreendido da semeadura até 30 dias após a semeadura (104 mm de evapotranspiração de referência acumulada), na camada do perfil do solo de 0-10 cm de profundidade, as perdas de água do solo acumuladas foram reduzidas em 26% com a utilização de 5 Mg ha-1 de resíduos de milho+aveia preta na superfície do solo, resultando em maior armazenamento de água no solo e disponibilidade de água às plantas. A utilização de 5 Mg ha-1 de resíduos de milho+aveia preta na superfície do solo causou reduções na temperatura do solo (média e máxima) de até 3oC. A temperatura do solo (média e máxima), dos 32 a 56 dias após a semeadura, aumentou linearmente com o
incremento do espaçamento entre linhas de 30 para 70 cm. Os valores médios dos componentes do rendimento e rendimento de grãos da cultura do feijão para os tratamentos foram de 18 vagens planta-1, 6 grãos vagem-1 e 3,45 Mg ha-1.