Emissão de óxido nitroso e produtividade do girassol sob diferentes fontes de adubação nitrogenada
Abstract
A cultura do girassol se destaca como uma das oleaginosas com grande potencial para utilização como fonte de matéria prima na produção de biodiesel no Brasil. No entanto, há uma carência de estudos realizados com o uso de fontes de adubação orgânica visando avaliar a eficiência fertilizante e o efeito destas sobre as emissões de gases de efeito estufa, especialmente o óxido nitroso (N2O), nos cultivos de girassol no Brasil. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da aplicação de fontes de adubação orgânica sobre o fornecimento de N, a produtividade de grãos e as emissões de N2O no cultivo do girassol em sistema de plantio direto. O experimento foi conduzido nos anos agrícolas de 2011/12 e 2012/13 em um Argissolo Vermelho Distrófico arênico. Os tratamentos aplicados no girassol foram: adubação mineral (NPK); cama de frango (CF); cama sobreposta de suínos (CS); e controle sem adubação nitrogenada. A aplicação dos adubos orgânicos aumentou o acúmulo de N e a produtividade do girassol, apresentando resultados similares à adubação mineral. No entanto, as emissões de N2O aumentaram com a aplicação dos fertilizantes orgânicos e mineral, especialmente nos primeiros 40 dias de avaliação. As maiores emissões acumuladas de N-N2O, na média dos dois cultivos, foram observadas nos tratamentos com adubação orgânica, variando de 3,1 (CS) a 3,85 (CF) kg N-N2O ha-1. A emissão acumulada de N-N2O verificada nos tratamentos CF e CS foi, respectivamente, 76 e 70% no primeiro cultivo e 55 e 53% superior a emissão acumulada do tratamento controle sem aplicação de N no segundo cultivo. Ao final dos dois anos de cultivo o fator médio de emissão de N2O nos tratamentos com aplicação de adubos orgânicos variou de 0,87% do N aplicado com cama sobreposta de suínos a 1,18% do N aplicado com cama de frango. Os valores médios dos fatores de emissão obtidos neste estudo, conforme metodologia do IPCC, para os tratamentos com adução orgânica estão próximos do valor padrão de 1%. Para a adubação mineral o fator de emissão obtido foi inferior ao indicado pelo IPCC. Desta forma, os tratamentos com adubação orgânica apresentaram maior potencial de emissão de N2O, em relação à adubação mineral. Por outro lado, os resultados deste estudo mostram que a CF e a CS apresentam potencial de fornecimento de N semelhante à adubação mineral e indicam que esses resíduos orgânicos podem substituir a adubação nitrogenada mineral no cultivo do girassol em plantio direto.