Carbono total e abundância natural de 13C em perfis de solo sob plantio de eucalipto
Abstract
O plantio de eucaliptos é uma prática comum em áreas antes utilizadas para a pecuária extensiva na metade sul do Rio Grande do Sul (RS), porém tal cultivo levanta muitos questionamentos acerca de influência sobre a dinâmica da matéria orgânica do solo (MOS). Uma avaliação se tornou possível graças ao ciclo fotossintético do eucalipto, que assim como nas demais espécies arbóreas é C3 e na maioria das gramíneas é C4. Plantas de ciclo C4 utilizam o 13C (isótopo pesado do carbono) no processo de fotossíntese, enquanto que plantas com ciclo C3 relativamente distinguem o 13C do ar, gerando MOS com diferentes abundâncias isotópicas. O presente estudo avaliou os teores de C total e a abundância isotópica de 13C em perfis do solo sob plantio de eucaliptos localizados na depressão central do RS de diferentes idades (2, 10 e 21 anos), em uma área de regeneração natural e em campo de pastagem natural, bem como estimou a contribuição na conversão da MOS em função de cada vegetação. O manejo inicial de todas as áreas amostradas era de pastagem natural. No perfil foram avaliadas as seguintes camadas: 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-70 e 70-90 cm. A análise da abundância isotópica de 13C no solo e dos tecidos vegetais foi feita por espectrometria de massas. Após 2 anos do plantio de eucaliptos, a camada superficial apresentou aumento de carbono em relação a sua camada subsuperficial e o início do processo de conversão do carbono da pastagem possivelmente tenha começado a ocorrer nesta camada superficial (0-5 cm). No plantio de 10 anos ocorreu uma diminuição da MOS entre as camadas até os 20 cm iniciais e o processo de conversão da MOS entre pastagem e eucalipto mostra-se até esta profundidade. Após 21 anos de plantio, todo o perfil já sofreu alteração pelo plantio de eucaliptos, tendo em sua camada superficial o maior valor de carbono proveniente do cultivo de eucaliptos (90,4%). Na área em que ocorreu regeneração natural, o maior teor de carbono na camada superficial foi observado (3,53%) e isto pode ser decorrente da maior diversidade da composição química do material depositado. Nesta área, existem indicativos de que o processo da ciclagem da MOS também tenha atingido todas as camadas do perfil através dos resíduos aportados pelas espécies arbóreas nativas.