Formas de fósforo no tecido de videiras: acúmulo, redistribuição e relação com parâmetros produtivos e composição da uva
Resumo
Na adubação de produção de videiras a necessidade e a dose de fósforo (P) é estabelecida com base no teor de P total em folhas coletadas na mudança da cor das bagas e na expectativa de produtividade. O P absorvido pode ser acumulado em órgãos da planta em formas orgânicas como o P orgânico metabolicamente ativo no citoplasma (PSO), fosfolipídios (PLIP), P associado ao RNA e DNA (PRNA e PDNA), fosfoproteínas (PRES) e P inorgânico (PSI). Porém, em videiras adultas em produção não é suficientemente conhecido se o incremento do teor de P disponível no solo pode alterar a distribuição de formas de P em órgãos anuais e perenes ao longo de estágios fenológicos, assim como se as formas de P em folhas, coletadas em diferentes estágios fenológicos, podem ter relação com parâmetros produtivos e enológicos do mosto. O presente trabalho objetivou quantificar o acúmulo e a redistribuição de formas de P em videiras em produção ao longo do seu ciclo e avaliar se as formas de P em folhas possuem relação com parâmetros produtivos e composição do mosto. Foram conduzidos dois estudos. O Estudo 1 foi realizado para estimar a distribuição e redistribuição de formas de P em videiras cultivadas em solos com diferentes teores de P disponível. Os tratamentos foram vinhedo 1 (V1) com 11,8 mg P kg-1 disponível no solo e vinhedo 2 (V2) com 34,6 mg P kg-1. As videiras foram arrancadas e particionadas em raízes, caules, braços, esporões, ramos do ano, folhas e cachos, no florescimento (FL), início da maturação (IM), colheita (CO) e repouso vegetativo (RV). Os órgãos foram submetidos ao fracionamento químico de P, que estima as formas: PSI, PSO, PLIP, PRNA, PDNA e PRES. O Estudo 2 foi realizado para avaliar se formas de P em folhas coletadas no FL e IM possuem relação com parâmetros produtivos e enológicos em videiras cultivadas em solos com teores de P disponível. Esse foi composto por dois experimentos. O experimento 1 foi realizado em dois vinhedos (V1 e V2) da cultivar Tannat. O solo do V1 continha 11,8 mg P kg-1 e solo do V2 possuía 34,6 mg P kg-1. O experimento 2 foi realizado em dois vinhedos (V1 e V2) da cultivar Cabernet Franc. O solo do V1 continha 16,0 mg P kg-1 e V2 possuía 37,0 mg P kg-1. No FL e IM foram coletas folhas completas e submetidas ao fracionamento de P no tecido. Na colheita foi determinada a produtividade (PT), contado o número de bagas (NB) e determinado o peso de 100 bagas (PB). Parte das bagas foram amassadas manualmente e no mosto foi analisado os sólidos solúveis totais (SST), pH, acidez total titulável (AT), polifenóis totais (PF) e antocianinas totais (AC). Os resultados obtidos no Estudo 1 mostram que em videiras o P é acumulado preferencialmente na forma PSI nas folhas e cachos no FL, IM e CO, e nas raízes na forma PSO, no RV. Parte do PSI das raízes é redistribuído no FL para as folhas e cachos em videiras cultivadas em solo com baixa disponibilidade de P, mas, por outro lado, videiras cultivadas em solo com alta disponibilidade de P tendem a redistribuir menos PSI das raízes para as folhas e cachos após o FL. No estudo 2, verificamos que videiras cultivadas em solo com alto teor de P disponível no solo
possuem maior produtividade de uvas, e videiras Tannat possuem maiores teores de polifenóis totais e antocianinas. O teor de P total em folhas e suas formas bioquímicas em folhas coletadas no FL e no IM não possuem relação com parâmetros produtivos. Mas, o teor de PTOTAL em folhas no florescimento e início da maturação possui relação com o teor de AC no mosto em videiras Tannat.