Mineralização do carbono e do nitrogênio no solo e efeito na rúcula (Eruca sativa) de compostos obtidos por compostagem
Abstract
A compostagem automatizada vem sendo preconizada no Brasil como uma estratégia
promissora para o tratamento do grande volume de dejetos líquidos gerados na
suinocultura, visando mitigar o potencial poluidor dos mesmos. Porém, um dos problemas
da compostagem são as perdas de nitrogênio (N) através da emissão de gases como
amônia (NH3) e óxido nitroso (N2O). Embora a redução dessas perdas possa ser obtida
através da adição de substâncias aos dejetos líquidos de suínos (DLS) durante a sua
compostagem, pouco se conhece sobre o efeito de tais aditivos na taxa de decomposição
do composto no solo e na sua capacidade de suprir N às culturas. O objetivo deste estudo
foi avaliar o efeito da adição de xisto retortado (XR) e do inibidor de nitrificação
dicianodiamida (DCD) aos DLS durante a sua compostagem automatizada, sobre a
mineralização do carbono (C) e do N dos compostos em dois tipos de solo com textura
contrastante (Argissolo e Latossolo) e sua relação com o acúmulo de N pela cultura da
rúcula (Eruca sativa). O trabalho foi conduzido na Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS, em julho de 2015 a janeiro 2016, constando de um experimento de
incubação em laboratório e outro em casa de vegetação. O experimento de incubação foi
conduzido por 180 dias em condições controladas de temperatura (25 oC) e umidade do solo
(80% da capacidade de campo) com o intuito de avaliar a mineralização do C e do N no
solo. Em cada solo, foram avaliados os seguintes tratamentos, com quatro repetições, no
delineamento experimental inteiramente casualizado: T1- Testemunha sem aplicação de
composto; T2- Composto com a aplicação somente de DLS no substrato (mistura de
serragem + maravalha) durante a compostagem; T3- Composto com adição de xisto
retortado (XR) aos DLS durante a compostagem; T4- Composto com adição de XR + DCD
aos DLS durante a compostagem. Em casa de vegetação, foi avaliado o efeito dos mesmos
tratamentos da incubação sobre a produção de massa verde (MV) e seca (MS) e o acúmulo
de N na cultura da rúcula, em dois cortes sucessivos, durante 58 dias de cultivo. As
quantidades C adicionadas e que foi mineralizada aos 180 dias no Latossolo, variaram de
11,6 e 14,6% entre os tratamentos T2, T3, T4, sem diferença significativa entre os mesmos.
No argissolo o índice de mineralização do C adicionado foi significativamente maior para o
tratamento T2 (21%) a média dos tratamentos T3 e T4 (9,5%) os quais não diferiram entre
si. A mineralização líquida de N ocorreu apenas no tratamento T2, com os compostos de
DLS com aditivos (T3 e T4) mostrando ocorrência de imobilização líquida de N durante todo
período de incubação nos dois solos. O maior índice de mineralização do N para o
tratamento T2 ocorreu no Argissolo (19,4%) do que no Latossolo (10,8%). A adição dos
compostos de DLS com (T2) e sem aditivos (T2, T3, T4) proporcionou um incremento nas
produções de massa verde e seca e no acúmulo de N na cultura da rúcula em ambos os
solos. Desta maneira o uso do composto com e sem aditivos é interessante para a
fertilização de culturas, pois pode incrementar na produção de plantas, reduzir impactos
ambientais e incrementar matéria orgânica ao solo.