Desenvolvimento e validação de metodologia analítica para a determinação de micotoxinas em vinhos
Abstract
Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos que ocorrem naturalmente em alimentos. As micotoxinas mais frequentemente encontradas em frutas e seus produtos processados são alternariol (AOH), alternariol monometil éter (AME), citrinina (CIT), ocratoxina A (OTA) e patulina (PAT). OTA é produzida por espécies de Aspergillus e Penicillium e possui propriedades nefrotóxicas, carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas. Muitas vezes, OTA está presente nos alimentos em coocorrência com outra micotoxina, a CIT, que também possui propriedades nefrotóxicas e teratogênicas. PAT é produzida principalmente por espécies de Penicillium e ocorre em uma grande variedade de frutas, como maçã, uva e ameixa. AOH e AME são produzidas pelo Alternaria alternata e possuem propriedades carcinogênicas e genotóxicas. Juntamente com OTA, são as micotoxinas mais frequentes em vinhos. Levando em consideração a importância da fiscalização de micotoxinas em alimentos, bem como a regulamentação estabelecida pela ANVISA, desenvolveu-se duas metodologias analíticas para detecção de cinco micotoxinas que podem estar presentes em uvas e, consequentemente, em vinhos. A primeira metodologia foi desenvolvida e validada para análise de PAT utilizando cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas sequencial (CLAE/MS/MS) com fonte de ionização química a pressão atmosférica (APCI). Para a preparação das amostras anteriormente às análises, passou-se por etapas de extração com acetato de etila e agitação em vortex, congelamento do extrato por 24 horas, evaporação do solvente em banho-maria, ressuspensão e diluição. O limite de quantificação (LQ) obtido foi de 12 μg kg-1 e a recuperação média do método foi de 89,4%. Através dessa metodologia, foram analisadas 105 amostras de vinhos comerciais, nacionais e importados, e nenhuma delas apresentou contaminação com PAT. A segunda metodologia foi desenvolvida e validada para análise simultânea de AOH, AME, CIT e OTA, utilizando CLAE/MS/MS com fonte de ionização por electrospray (ESI). Para preparação da amostra para análise, apenas diluiu-se a mesma em solução de metanol e água. Os LQs obtidos foram de 1 μg kg-1 para AOH, AME e OTA e de 20 μg kg-1 para CIT. A recuperação média do método foi de 92,5% para AOH, 96,1% para AME, 97,8% para CIT e 96,2% para OTA. Ao analisar 111 amostras de vinhos, encontraram-se 81 contaminadas com AOH, 48 com AME, duas com OTA e nenhuma com CIT.