Prevalência de alterações clínicas e espirométricas em indivíduos expostos à inalação de fumaça durante incêndio em casa noturna
Fecha
2015-07-03Metadatos
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Inalação de fumaça durante incêndios domésticos ou comerciais resulta na injúria do parênquima pulmonar e da via aérea superior pela aspiração de gases e produtos tóxicos provenientes da combustão incompleta, ocorrendo comprometimento da via aérea superior por lesão térmica direta além de alterações metabólicas. O óbito na maioria das vezes é causado por hipoxemia, devido à inalação de monóxido de carbono e/ou cianeto. São fatores independentes de mortalidade em pacientes queimados: lesão inalatória, idade maior que 60 anos e superfície corporal queimada maior que 40%. A presença de um destes fatores isolado determina mortalidade de 3%, dois fatores 33% e os três fatores 90%. A inalação de fumaça causa edema da mucosa respiratória, broncoespasmo pelos irritantes aerolizados e oclusão da pequena via aérea por depósito de debris endobrônquico, os sinais e sintomas se manifestam nas primeiras 24 horas e não é comum permanecerem seqüelas respiratórias. Exames de função pulmonar fazem parte da avaliação em vítimas de lesão inalatória, sendo o mais rotineiro deles a espirometria. Em 27 de janeiro de 2013 uma casa noturna na cidade de Santa Maria/ RS foi alvo de um incêndio com grandes proporções, que expôs inúmeros jovens à inalação de fumaça tóxica em um ambiente fechado. Na ocasião morreram 242 jovens e inúmeros ficaram feridos em sua grande maioria devido a lesões inalatórias. Este estudo objetiva avaliar qual a prevalência das alterações espirométricas nos indivíduos expostos à inalação de fumaça, se houve correlação entre o tipo de manipulação da via aérea e a função pulmonar e quais foram os sintomas iniciais. Foi realizado estudo transversal, o qual incluiu pacientes sintomáticos encaminhados ao Serviço de Pneumologia e que realizaram testes de função pulmonar nos primeiros cinco meses após a exposição à fumaça do incêndio. Como resultado, obtivemos um total de 125 indivíduos sintomáticos após a inalação de fumaça tóxica, destes nove apresentaram padrão obstrutivo na espirometria e quatro tiveram espirometria sugestiva de distúrbio ventilatório restritivo. Não houve correlação entre o tipo de intervenção realizada na via aérea e a função pulmonar das vítimas. Tosse e dispneia foram os sintomas mais prevalentes logo após a exposição. Assim, podemos inferir, que mesmo em indivíduos sintomáticos respiratórios a espirometria não evidenciou alteração significativa na função pulmonar após a inalação de fumaça, não interferindo significativamente no fluxo e volume dos gases pulmonares.