Nanopartículas contendo propionato de clobetasol: preparação, caracterização e incorporação em hidrogéis
Resumo
Este trabalho teve como principal objetivo o desenvolvimento de formulações
nanoestruturadas contendo propionato de clobetasol. Inicialmente, foi validado um método
cromatográfico para análise do propionato de clobetasol em suspensões de nanocápsulas
poliméricas. As nanocápsulas e nanoesferas de poli(ε-caprolactona) (PCL) e nanoemulsões
contendo propionato de clobetasol (0,5 mg/mL) foram preparadas pelo método da deposição
interfacial do polímero pré-formado, nanoprecipitação e emulsificação espontânea,
respectivamente. Foram avaliados teores de fármaco, eficiências de incorporação, pHs,
diâmetros de partícula, índices de polidispersão, potenciais zeta, características morfológicas e
estabilidade frente ao armazenamento das diferentes formulações. As nanocápsulas
apresentaram maior estabilidade físico-química, seguida pelas nanoemulsões e nanoesferas.
Na avaliação da liberação in vitro do propionato de clobetasol, as nanocápsulas apresentaram
o maior controle na liberação do fármaco, seguindo um modelo biexponencial. O estudo da
fotodegradação do propionato de clobetasol frente à luz UVA demonstrou a importância da
presença do polímero e do óleo para o aumento da fotoestabilidade. Diante destes resultados,
as nanocápsulas foram selecionadas para o estudo da influência do material polimérico sobre
as características físico-químicas, estabilidade frente ao armazenamento, fotoestabilidade,
perfil de liberação do fármaco e seu mecanismo de liberação. As nanocápsulas preparadas
com poli(ácido lactídeo) (PLA) apresentaram uma maior estabilidade frente ao
armazenamento em comparação com as nanocápsulas preparadas com poli(ácido lactídeo-coglicolídeo)
50:50 e 85:15, embora sua estabilidade tenha sido inferior às nanocápsulas
preparadas com PCL. O estudo da fotodegradação demonstrou a proteção do fármaco quando
nanoencapsulado, independente do tipo de polímero empregado na sua preparação. A
liberação in vitro demonstrou a liberação controlada do fármaco com transporte anômalo.
Diante de todos esses resultados, as nanocápsulas preparadas com PCL foram selecionadas
para o desenvolvimento de formas farmacêuticas semissólidas (hidrogéis). Formulações
similares contendo nanoesferas e a nanoemulsão foram utilizadas para se avaliar a influência
do polímero e do óleo sobre diferentes propriedades dos hidrogéis. Estas formas
farmacêuticas foram avaliadas quanto ao teor de fármaco, pH, espalhabilidade, reologia e
liberação in vitro do fármaco. Os hidrogéis apresentaram propriedades compatíveis com a
aplicação tópica. A presença do fármaco nanoencapsulado nos hidrogéis proporcionou sua
liberação controlada, principalmente para as formulações contendo as nanocápsulas. O perfil
de liberação do fármaco a partir dos hidrogéis seguiu o modelo de Higuchi.