Frequência de aglutininas anti-A e anti-B em doadores do grupo “O” do hemocentro de Cruz Alta - RS
Resumo
O uso de hemocomponentes do grupo sanguíneo O em transfusões nãoisogrupo
pode acarretar reações transfusionais, caso as aglutininas anti-A e anti-B
presentes no soro/plasma do doador, apresentem títulos elevados com escore igual
ou superior a 100. As reações transfusionais mais relatadas com anticorpos de altos
títulos são ocasionadas por concentrado de plaquetas, devido à presença de plasma
neste hemocomponente. Considerando a pequena quantidade de estudos sobre as
hemolisinas anti-A e anti-B e a importância desses anticorpos na prática
transfusional, o objetivo deste trabalho foi verificar a freqüência dessas hemolisinas
e a associação a gênero e fator Rh em 500 amostras de soros dos doadores tipo O
cadastrados no Hemocentro de Cruz Alta,RS. Os resultados mostraram que a
freqüência dos doadores de sangue do grupo O considerados perigosos foi de
11,6% (58), e de não-perigosos 88,4% (442). Constatou-se uma predominância
entre os perigosos, de 50% (29) reativos para hemolisina anti-A, 37,9% (22) anti-B e
12,1% (7) para aglutininas anti-A e anti-B. A amostragem dos doadores não foi
homogênea quanto ao sexo e nem quanto ao tipo de fator sanguíneo, prevalecendo
homens 65% (325), Rh positivo 80,4% (402). Não houve correlação entre a
Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) com a Pesquisa dos Anticorpos Regulares
anti-A e anti-B. Também não existiu prevalência na associação entre as variáveis
gênero, fator sanguíneo Rh e anticorpo anti-A e anti-B. Percebeu-se que o anticorpo
anti-A apresenta título maior de reação em comparação com o anti-B pois, ambos
reagem em 100% dos casos até 1/16 porém, anti-A diminui seu percentual de
reação a partir de 1/128 enquanto que anti-B em 1/32. A faixa etária de prevalência
de doadores perigosos para anti-A foi entre 33 a 46 anos, anti-B entre 16 a 25 anos
e para ambos anticorpos entre 25 e 33 anos. Os resultados desta pesquisa podem
servir para mensurar a prevalência destas hemolisinas e prevenir riscos de episódios
transfusionais incompatíveis, visto que na prática transfusional ocorre maior
disponibilidade de doadores do grupo O e estes ainda não são classificados como
doadores O perigosos. Assim, na busca pela prática transfusional com excelência
e, sobretudo, com eficácia, torna-se imprescindível a padronização da Pesquisa de
Anticorpos Regulares.