Efeito de tratamentos térmicos na resistência flexural de uma vitrocerâmica reforçada por leucita
Abstract
A proposição deste estudo foi investigar o efeito de tratamentos térmicos na
resistência flexural biaxial, na rugosidade superficial e na estrutura cristalina de uma
vitrocerâmica reforçada por leucita (IPS Empress CAD, Ivoclar Vivadent,
Liechtenstein). Para tanto, 150 discos foram obtidos por usinagem em equipamento
CEREC inLab MC XL (Sirona, Alemanha) e distribuídos em cinco grupos, de n=30: C
(controle, sem tratamento térmico), A-575 (annealing à 575°C por 15 min, seguido
de resfriamento lento com abertura do forno em 200°C), A-790 (annealing à 790°C
por 15 min, seguido de resfriamento lento com abertura do forno em 200°C), G
(glazeamento à 790°C por 1,5 min, seguido de resfriamento rápido com abertura
imediata do forno) e GM (glazeamento modificado à 790°C por 1,5 min, seguido de
resfriamento lento com abertura do forno em 200°C). A resistência flexural dos
discos foi determinada pelo teste piston-on-three ball, conforme normas da ISO
6872/2008 e os dados submetidos à análise de Weibull para cálculo do módulo de
Weibull (m) e da resistência característica (σ0). A rugosidade superficial (Ra e Rz)
antes e após os tratamentos foi mensurada. Um espécime de cada grupo foi
utilizado para difração de raios-X. O regime A-790 produziu os maiores valores de
resistência à fratura (211,7 MPa). Os valores de σ0 promovidos pelos demais ciclos
testados (A-575: 167,9 MPa, GM: 157,7 MPa e G: 153,7 MPa) foram inferiores aos
do grupo controle (187,7 MPa). O valor de m não diferiu significativamente entre os
grupos. Todos os tratamentos térmicos foram capazes de reduzir a rugosidade
média (Ra) dos espécimes. Já os valores de amplitude média do perfil (Rz),
apresentaram redução significativa apenas para os grupos submetidos à annealing
(A-575 e A-790). A análise de difração de raios-x revelou não ter havido mudanças
de fase cristalina (leucita tetragonal) do material após os tratamentos térmicos. As
alterações no tamanho dos cristalitos de leucita após a realização dos ciclos
térmicos não foram expressivas. Sendo assim, maiores valores de resistência à
fratura e diminuição da rugosidade superficial para uma vitrocerâmica reforçada por
leucita puderam ser conseguidos através de annealing acima da transição vítrea
(Tg=625 ± 20ºC) após a usinagem. Tal regime (A-790) foi capaz de produzir
reorganização estrutural favorável do material, sem contudo modificar sua estrutura
cristalina original. Annealing abaixo da transição vítrea (A-575) e regimes de
glazeamento (G e GM) reduziram significativamente a resistência do material.