Retratos de relações de gênero em catálogos de brinquedos
Fecha
2015-08-28Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Os brinquedos, industrializados ou não, fazem parte do mundo das crianças. Um simples objeto pode ser transformado em brinquedo no desenrolar das brincadeiras, conforme a imaginação de cada criança. Contudo, ao atentar para os brinquedos industrializados, não nos deparamos apenas com sua imagem material, nela estão inscritas também as imagens que os fabricantes têm de si mesmos e das crianças. Certamente, os brinquedos ofertados seguem os ditames da cultura, para que sejam aceitos e adquiridos por seus consumidores. Desse modo, ao percorrer catálogos de brinquedos, nos deparamos com um direcionamento do brincar de meninas e meninos, visto que nossa cultura é marcada por um modelo binário de gênero. A distinção de gênero realizada antes mesmo de uma criança nascer é responsável pela educação diferente de meninas e meninos. Nesse processo, feminilidades e masculinidades alternativas são marginalizadas, tornam-se alvo de preconceitos. A presente dissertação buscou discutir as relações de gênero que se apresentam em catálogos de brinquedos de uma fábrica do sul do Brasil, no período de 2009 a 2015. Considerando as mudanças já ocorridas nas relações de gênero em nossa sociedade, procurou-se observar o que já vinha se modificando na produção e oferta de brinquedos. Utensílios domésticos e blocos de encaixe caracterizam a maioria dos produtos ofertados. No decorrer do período abordado, foram observadas algumas modificações, principalmente na indicação de gênero apresentada pelos brinquedos. Os blocos de encaixe, com temáticas predominantes de corridas de carros, guerras, segurança pública, obras na cidade, meios de transporte e robôs, são ofertados, de início, apenas para meninos. Já os utensílios domésticos, inicialmente indicados apenas para meninas, adentram, aos poucos, o território masculino. É apenas a partir do catálogo de 2013 que todos os brinquedos passam a ser indicados para eles e para elas. Mas o que isso representa? Uma ampliação de possibilidades para o brincar das crianças e, ao mesmo tempo, um binarismo camuflado. Cores, modelos e temáticas são mantidas. Aos meninos já é permitido o ambiente feminino, e, da mesma forma, as meninas já são autorizadas a percorrer o ambiente masculino. Diante deste cenário, é possível notar uma demarcação do feminino e do masculino. No entanto, alguns lançamentos trazem outras mudanças passíveis de análise. Os blocos de encaixe ganham agora novas cores e possibilitam outras histórias, com tons de rosa e roxo compondo cenários considerados femininos. No mesmo sentido, em 2015, parte da cozinha é lançada fora da tradicional combinação de rosa, branco e roxo, traz agora cores neutras , mais convidativas aos meninos. Por fim, considera-se que a oferta de brinquedos já vem borrando suas fronteiras de gênero. Mas, mudanças não ocorrem repentinamente, visto que, em meio a tantos mecanismos reguladores, a oferta de brinquedos é apenas um deles.