TV OVO: a representação de identidades juvenis no audiovisual
Abstract
O presente trabalho tem como objeto de estudo a representação de identidades juvenis
nos audiovisuais produzidos por jovens de classe popular. Trata-se de estudar a construção de
identidades, através do consumo de bens materiais e simbólicos durante o processo de
produção das obras audiovisuais realizadas pelos jovens, oriundos de classe popular
participantes da TV OVO, em Santa Maria-RS. O objetivo principal é de investigar a
representação de bens materiais e simbólicos durante o processo de produção das obras
audiovisuais realizadas pelos jovens. Para entender como se dá essa representação de
identidades juvenis, a investigação faz um estudo etnográfico realizado durante a rotina de
produção de audiovisuais promovidos pelos projetos da TV OVO e uma análise descritiva dos
vídeos feitos para o programa TV OVO No Ônibus, que iniciou em 2001, e conta com o
envolvimento diário dos jovens realizadores. O programa é veiculado nos televisores
dispostos no interior de ônibus de transporte urbano e apresenta segmentos como o Espelho,
com matérias jornalísticas sobre ou de serviços para a comunidade; o Profissão, com o relato
de profissional sobre o ofício que desempenha; o Entre Tribus, que mostra o agrupamento de
jovens em torno de atividades culturais; o Buzum é composto de videoclipes de bandas locais;
e o No Ponto, uma enquete com questionamentos feitos a populares nas paradas de ônibus.
Como constatações, percebemos a eminência da posse e do uso dos produtos midiáticos no
cotidiano dos entrevistados. A partir da descrição de suas rotinas, notamos que a grande parte
do tempo e da motivação são despendidos na audiência ou na realização desses produtos. Os
jovens passam menos tempo com suas famílias ou na escola, em virtude de suas atividades
profissionais na TV OVO e da assistência a programas de televisão, filmes, seriados, redes
sociais, e outros sites em geral. Notamos também que os assuntos como o trabalho e a
educação norteiam as atividades dos jovens. Ambos suscitaram o entusiasmo dos jovens
sempre que relacionados ao desempenho das práticas do audiovisual, seja na produção de um
programa, um videoclipe, um curta-metragem, um documentário, seja na cobertura de um
evento, ou na participação em oficinas. Nesse sentindo, as identidades são delineadas a partir
de produtos midiáticos consumidos pelo jovens. Desse modo, as caracterizamos como
híbridas e múltiplas, constituídas por meio dos processos de desterritorialização,
reterritorialização, continuidade, ruptura e negociação.