Masculinidade em anúncio(s): recepção publicitária e identidade de gênero
Date
2012-12-14Metadata
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A presente pesquisa propõe um estudo de recepção das representações sobre a masculinidade nos anúncios publicitários brasileiros veiculados na televisão aberta e o seu papel na formação da identidade de gênero de homens pertencentes a classes distintas. Alinhamo-nos à vertente dos estudos culturais, especialmente, à perspectiva teórico-metodológica latino-americana das mediações de Jesús Martín- Barbero. Ainda em termos teóricos, nossa ênfase está centrada nas discussões referentes à construção social do gênero masculino e, de forma complementar, na articulação com a noção contemporânea de classe social. Metodologicamente, realizamos um estudo de recepção com dez homens residentes em Santa Maria/RS com idades, estado civil, profissões variadas e classificados, a partir da definição de Quadros e Antunes (2001), em classes populares e altas. As técnicas de coletas de dados empregadas neste estudo foram o questionário, que se caracterizou com um estudo piloto com quarenta instrumentos, e a entrevista semiestruturada em profundidade. Além disso, para o exame da recepção sobre o gênero masculino delimitamos um corpus de anúncios publicitários (cerveja, carro, tecnologia, banco, tecnologia e vestuário/produtos de higiene), definidos com base nos resultados dos questionários e usados como suportes responsáveis para o estímulo do debate com os receptores. Analisamos as mediações da socialidade, ritualidade e tecnicidade (MARTÍN-BARBERO, 2006) nas relações de apropriação (negociação ou resistência) do discurso publicitário no que diz respeito às representações de masculinidade, aqui, definida pelas categorias de beleza, sexualidade, trabalho e família. Como resultado deste trabalho, a publicidade aparece como uma importante fonte de padrões e referências para que os sujeitos contemporâneos vivenciem a masculinidade; da mesma forma que contribui, inclusive, para a relativização do padrão masculino tradicional, relacionado ao machismo e ao patriarcado, que vigorou hegemônico até poucas décadas atrás. Por fim, a construção das identidades de gênero baseada na beleza, na sexualidade, no trabalho e na família, a partir das leituras e dos modos de usos do discurso publicitário, é feita de forma diferenciada a partir das clivagens de classes sociais.