Direitos políticos do imigrante: análise político-jurídica sob a perspectiva brasileira
Resumo
Em face da relevância do sujeito imigrante para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, considerando a pluralidade de suas dimensões e ao compromisso do Brasil em suprir as demandas do seu povo; justifica-se a necessidade de analisar política e juridicamente os direitos políticos do imigrante no país. Considerando sua composição multicultural e o caráter democrático defendido, o desenvolvimento de uma política pautada na interculturalidade das relações, visando à construção de uma sociedade plural é imprescindível. A pluralidade exige a participação de todos os cidadãos nos processos decisórios. Por isso, esse estudo buscou analisar o estado da arte dos direitos políticos do imigrante no país, especificamente com relação ao sufrágio, exercício que concretiza a cidadania, a soberania popular. Questionou-se a postura do Brasil frente à prerrogativa do voto do imigrante, bem como a contribuição das legislações dos demais países da América Latina para o desenvolvimento de uma legislação adequada. Optou-se por uma abordagem dialética, haja vista o estudo partir das contradições e antagonismos do próprio sistema para o reconhecimento formal do direito ao voto. A análise e a interpretação dos documentos e dados seguem o modelo qualitativo, devido à relevância do enfoque psicossocial, interpretativo, para a compreensão do contexto. Os dados foram obtidos por meio de pesquisa bibliográfica de perfis migratórios, Constituições Federais e legislações migratórias dos países envolvidos; contando, para tanto, com o apoio técnico de resumos, resenhas, fichamentos. A análise foi apresentada em dois capítulos: a construção da participação política do imigrante no Brasil e sobre o reconhecimento dos direitos políticos do imigrante na América Latina . No primeiro capítulo houve o escopo de expor a fundamentação teórica que permite reconhecer e compreender a complexidade que encerra o imigrante no âmbito dos direitos da sociobiodiversidade, bem como a privação de direitos a qual está sujeito no país. No segundo, foram apresentados os modelos desenvolvidos nos demais países da América Latina. Percebeu-se que o Brasil está prestes a instituir um novo marco político em matéria de imigração representado pelo PL288/2013, atualmente em trâmite na Câmara dos Deputados (PL 2516/2015). Todavia, este ainda reproduz a concentração do poder Estatal, sendo omisso quanto ao sufrágio do imigrante, quanto ao Direito Humano de Imigrar. Poucos países na América Latina evoluíram sua percepção quanto à compreensão dos direitos humanos além da homogeneidade e da democracia como pluralidade. Dentre os países analisados, os modelos argentino e boliviano mais se aproximaram do projeto ideal. Espera-se com o exposto contribuir para a construção de um novo marco político migratório de fato eficaz.