Aplicação de modelos terapêuticos de base fonética e fonológica para a superação das alterações de fala
Resumo
O tema do presente trabalho é a aplicação de modelos terapêuticos de base fonética e fonológica utilizados na superação da simplificação do onset complexo (OC) em crianças que realizam alongamento compensatório na estrutura CCV. A hipótese norteadora deste estudo é que há conhecimento fonológico subjacente a respeito da estrutura silábica CCV nas crianças que realizam o alongamento
compensatório quando a estrutura ainda não é preenchida de forma adequada. Com isso, a abordagem terapêutica que mais favoreceria às crianças que utilizam a referida estratégia seria aquela que auxiliasse na implementação fonética e não na
organização fonológica. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo verificar os efeitos de diferentes abordagens terapêuticas em relação à produção e estabilização
do OC na fala de crianças que utilizam a estratégia de alongamento compensatório e simplificam o OC. Além disso, objetivou-se verificar as variáveis intervenientes no
processo terapêutico na aquisição da estrutura CCV. Para tal investigação, foram selecionadas quatro crianças, com idade entre 5:4 e 7:7, com diagnóstico de desvio fonológico, que apresentavam simplificação do OC, possuíam a líquida lateral e nãolateral no seu inventário fonético e aplicavam estratégia de alongamento compensatório (verificada através da análise acústica). Dois sujeitos receberam terapia com enfoque fonético/articulatório e dois receberam terapia fonológica. Os
resultados demonstraram que as crianças expostas à terapia fonética/articulatória precisam de menos sessões para a aquisição do OC do que aquelas expostas à terapia fonológica. Além disso, a abordagem fonética se mostrou favorecedora na realização correta da estrutura CCV. Dentre as variáveis relevantes durante o processo terapêutico para aquisição do OC, observou-se que quanto menor o grau
do desvio fonológico, maiores as chances de produção correta do OC. As palavras polissilábicas com OC formado por oclusiva velar vozeada e sílaba pré-pré-tônica também favorecem o processo de aquisição. Com os resultados, a hipótese
norteadora da pesquisa parece ser confirmada, visto que a terapia fonética/articulatória proporcionou progressos mais rápidos quanto à estabilização do OC quando comparada à terapia fonológica, além de beneficiar a produção correta da estrutura.