Da detecção à intervenção precoce em casos de risco ao desenvolvimento infantil e distúrbio de linguagem
Abstract
Esta pesquisa circunscreve-se a três sujeitos com distúrbio de linguagem. Aborda como se deu o processo de detecção precoce de risco ao desenvolvimento infantil, e a identificação do distúrbio de linguagem pelos familiares e /ou profissionais da saúde, além de discutir os aspectos do funcionamento da linguagem desses sujeitos. Analisou-se, portanto, como transcorreu o processo entre a detecção de risco por profissionais da saúde e o estabelecimento de demanda terapêutica por parte da família e/ou profissionais. Para fazer tais reflexões, foram selecionados bebês identificados com risco ao desenvolvimento: um bebê com risco biológico evidente (prematuridade) e que teve a intervenção precoce antes dos 24 meses, e dois bebês sem risco biológico evidente (não prematuros, nem com lesões ou síndromes) para a linguagem. Os dois últimos sem intervenção precoce e com inserção mais tardia em terapia fonoaudiológica. Neste estudo, entrevistas com as mães foram realizadas, na busca de dados gerais de saúde das crianças, e dos históricos clínicos incluindo aspectos do funcionamento de linguagem das mesmas. Também, foram realizadas filmagens de aproximadamente 30 minutos, nas quais a situação de interação deu-se a partir dos brinquedos prediletos da criança, relacionados com o mundo infantil contemporâneo. Os episódios foram usados para analisar o funcionamento de linguagem dos sujeitos. As filmagens foram transcritas ortograficamente e os dados de linguagem apresentados em tabelas que identificam os turnos dos interlocutores envolvidos. Os casos foram analisados, tal como se apresentaram, de forma singular no que se refere à escuta do sintoma e ao funcionamento de linguagem, bem como à demanda para a terapia fonoaudiológica. Percebeu-se a importância de considerar a intersubjetividade bebê-adulto, nos casos em questão: das mães, no processo de aquisição de linguagem e os efeitos da intervenção precoce, tanto na sensibilização da escuta de um sintoma, quanto na sustentação da criança na linguagem, a partir da amenização de seu sintoma.