Habituação do reflexo cócleo-palpebral em recém-nascidos a termo
Resumo
Este estudo tem como objetivo verificar a ocorrência da habituação do reflexo cócleopalpebral em recém-nascidos a termo; verificar se há associação entre a ocorrência de
habituação e gênero; determinar qual seria o estado neurocomportamental mais propício para a obtenção da habituação e determinar o número de estímulos sonoros necessários para provocar este fenômeno. A população foi constituída por 100 recém-nascidos atendidos no Programa Detecção precoce da deficiência auditiva infantil do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), nascidos no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Os recém-nascidos foram observados durante um minuto para estabelecer o estado neurocomportamental em que se encontravam. Para a pesquisa da habituação foi utilizado o instrumento agogô (cânula grande), que foi percutido numa seqüência de até 30 estímulos sonoros com intensidade aproximada de 90 dB NPS e com intervalo aproximado de dois segundos entre os estímulos. Considerou-se habituação quando a criança deixou de apresentar o reflexo cócleo-palpebral por três apresentações consecutivas, e ausência de habituação quando a criança apresentou reflexo cócleopalpebral ao longo dos 30 estímulos. A análise dos resultados foi feita através do teste Quiquadrado de associação e Qui-quadrado de aderência. Dos 100 neonatos estudados, 64% (n=64) manifestaram habituação do reflexo cócleo-palpebral e 36% (n=36) não manifestaram. Das crianças que habituaram, 42,2% (n=27) pertenciam ao gênero masculino e 57,8% (n=37) ao gênero feminino. A interrupção da resposta ocorreu nos primeiros 10 estímulos em 51,6% (n=33); entre 11 e 20 estímulos em 37,5% (n=24) e entre 21 e 28 estímulos em 10,9% (n=7). Verificou-se nas crianças deste grupo que 12,5% (n=8) encontravam-se no estado neurocomportamental 1; 20,3% (n=13) no 2; 28,1% (n=18) no 3 e 39,1% (n=25) no 4. Entre os recém-nascidos que não habituaram, 36,1% (n= 13) pertenciam ao gênero masculino e 63,9% (n=23) ao gênero feminino; nenhum estava no estado
neurocomportamental 1; 30,6% (n=11) estava 2; 8,3% (n=3) no 3 e 61,1% (n=22) no 4. Com este estudo foi possível concluir que 64% dos recém-nascidos manifestaram habituação do RCP; não houve associação significativa entre a variável gênero e ocorrência de habituação; quando se encontravam no estado neurocomportamental 3 os recém-nascidos apresentaram chance seis vezes maior de habituar do que de não habituar; o fenômeno de habituação se fez presente, predominantemente, nos primeiros 20 estímulos.