Dor e disfunção craniocervicomandibular, ansiedade e depressão em profissionais da enfermagem sob estresse no trabalho
Resumo
Estudos indicam que a disfunção temporomandibular (DTM) afeta 7 a 15 % da população adulta. Nos casos de dor recorrente ocorre redução da qualidade de vida, devido ao comprometimento psicológico, incapacidade física e limitação funcional. O estresse no trabalho vem sendo demonstrado como um importante agente causador de doenças. Este estudo teve por objetivo verificar e correlacionar a presença de dor e disfunção craniocervicomandibular, DTM, ansiedade e depressão em profissionais da enfermagem expostos a estresse no trabalho. Participaram do estudo 43 mulheres sob níveis moderado e alto de exposição a estresse no trabalho, diagnosticadas pela Escala de Estresse no Trabalho (JSS). Foram avaliados a sensibilidade dolorosa à pressão dos músculos mastigatórios e cervicais, por meio da algometria; a presença de DTM e nível do dor à palpação, através do instrumento Critérios de Diagnóstico para Pesquisa em Desordem Temporomandibular (RDC/TMD) e sua severidade, pelo Índice Temporomandibular (IT). Ainda, foi verificada a presença de ansiedade e depressão, pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS); a percepção do estresse, pela Escala de Estresse Percebido (PSS) e a presença de cefaleia e cervicalgia, conforme relato dos participantes. Foram diagnosticadas 13 (30,23%) mulheres com DTM, com valor médio de IT de 0,52. Cefaleia e cervicalgia foram referidas por 55,81% e 60,47% da amostra, respectivamente. Nível moderado baixo de estresse percebido foi detectado em 62,79%, ansiedade em 16,63% e depressão em 9,3% da amostra. Foram observadas correlações entre os níveis de dor à palpação manual com estresse percebido (r = 0,430, p = 0,004) e entre as escalas psicossociais, ou seja, estresse percebido e ansiedade (r = 0,579, p = 0,000); estresse percebido e depressão (r = 0,601, p = 0,000); ansiedade e depressão (r = 0,618, p = 0,000). Pode-se concluir que houve uma alta incidência de DTM moderada, cefaleia e cervicalgia entre as voluntárias. Quanto maior o nível de estresse percebido, maiores os níveis de ansiedade e depressão, e maior a intensidade da dor à palpação manual nos músculos mastigatórios e cervicais. Os músculos cervicais apresentaram baixos valores de limiar de sensibilidade dolorosa à pressão, sendo menor no músculo esternocleidomastóideo (ECOM) em relação aos demais músculos avaliados.