Processamento auditivo de militares expostos a ruído ocupacional: um estudo longitudinal
Abstract
A avaliação auditiva prevista para ambientes ocupacionais facilmente detecta a perda auditiva induzida por ruído (PAIR), porém, alterações da via auditiva central não podem ser observadas. Alguns estudos têm mostrado uma relação entre o
tempo de exposição a ruído e o aumento da incidência da perda auditiva, mas não demonstra o quanto o processamento auditivo pode ser afetado pelo tempo de exposição a tal risco. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do
tempo de serviço na função auditiva central de militares expostos a ruído ocupacional. Foram avaliados 41 militares, com exposição a ruído a mais de 10 anos, subdivididos em grupo A (n =16), sem perda auditiva e grupo B (n = 25), com
perda auditiva. Para configurar um estudo longitudinal, foram convidados os mesmos indivíduos estudados por Marins (2004) e todos foram submetidos às mesmas avaliações três anos depois do referido estudo: avaliação audiológica básica e testes de processamento auditivo (testes de Fala Filtrada, SSW e de Padrão de Freqüência - PPS). Foram observadas maiores ocorrências de alteração de processamento auditivo, especialmente no teste de Fala Filtrada (43,75% e 68% nos grupos A e B, respectivamente) e PPS (68,75% e 48% nos grupos A e B, respectivamente). Longitudinalmente, observou-se piora estatisticamente significante no Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) apenas no grupo B, em ambas as orelhas; no teste de Fala Filtrada no grupo B (orelha direita e esquerda) e apenas da orelha esquerda do grupo A. Com isto, conclui-se que a exposição a ruído ocupacional interfere no processamento auditivo de militares, sendo agravado pelo
aumento do tempo de serviço