As trajetórias formativas e os movimentos construtivos da professoralidade alfabetizadora
Abstract
Este estudo insere-se na linha de pesquisa Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional do Programa de Pós-graduação, Mestrado em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. A partir de fios teóricos que contemplam estudos de Vygotski (2003, 2005), Leontiev (1988, 1989,
1984), Pereira (2000); Bolzan (2001, 2002a) Isaia (2003a, 2005) Bolzan & Isaia (2004, 2005, 2006), Tardif (2002) entre outros, buscamos compreender os processos engendrados na constituição da professoralidade alfabetizadora. Para tanto, optamos por trabalhar com a abordagem qualitativa de
pesquisa de cunho sociocultural Vygotski (1994); Bakthin (1992); Freitas (2002); Bolzan (2002, 2006) a partir da análise das narrativas de quatro professoras alfabetizadoras do Sistema Público Municipal de Educação de Santa Maria. Na análise dos percursos formativos das professoras identificamos
processos que foram compreendidos como orientadores da atividade de produzir-se professor e processos de produção, propriamente ditos, da professoralidade alfabetizadora. Os processos de orientação emergiram dos percursos iniciais e das experiências prévias a docência alfabetizadora,
possibilitando-nos destacar as experiências de socialização e escolarização iniciais como elementos mobilizadores ao desenvolvimento da atividade de produzir-se professor. Com relação ao ingresso na docência alfabetizadora evidenciamos a preponderância das exigências institucionais no direcionamento para tal oficio, possibilitando-nos afirmar que o processo de constituição da docência alfabetizadora configura-se como um movimento originado da atividade de produzir-se professor, ou seja, resultante da organização e reorganização das ações e operações que se fazem necessárias à assunção do ofício docente. Caracterizando-se como uma ação transformadora da atividade docente
numa atividade orientada a professoralidade alfabetizadora. Neste processo de transformação identificamos a configuração de movimentos de produção: inicialmente por um movimento de recuo permeado por ações de resistência e de insegurança geradas pela consciência do despreparo para
dar conta do que se apresenta como necessário, assim como, a predominância da dimensão reprodutora na atividade docente alfabetizadora, caracterizada pela repetição de algo já existente, decorrente da ausência de elementos experiências que lhes possibilitasse o enfrentamento das
demandas constituídas para além da reprodução acrítica de modelos instituídos socialmente de alfabetização; um segundo movimento denominado de reorganização, caracterizado pela
manifestação de uma postura mais arrojada das professoras, na qual se evidenciou a configuração de ações e operações direcionadas a produção de uma diferença, a partir da emergência da dimensão criadora da atividade de produzir-se professor, possibilitando-nos caracterizar a configuração de uma atividade direcionada a professoralidade alfabetizadora, culminando no terceiro que foi denominado como a produção de uma diferença, caracterizado pelas transformações na ação
alfabetizadora das professoras. As manifestações destes movimentos se deram com diferentes intensidades para cada uma das professoras participantes deste estudo, possibilitando-nos indicar que o processo de desenvolvimento da docência alfabetizadora está relacionado ao processo de
reelaboração das experiências vivenciadas pelas professoras em seus percursos formativos, assumindo um papel preponderante a mobilização do sujeito, na direção de ampliar seu campo experiencial a partir do compartilhamento de idéias, saberes e fazeres da ação alfabetizadora, viabilizando a emergência da dimensão criadora da atividade de produzir-se professor alfabetizador e, portanto, o desenvolvimento de uma atividade orientada para a professoralidade alfabetizadora.