A formação continuada na escola: treinar para reproduzir ou formar para transformar?
Abstract
A presente Dissertação de Mestrado insere-se na Linha de pesquisa Políticas Públicas e Práticas Educativas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria UFSM. Este estudo nasceu da vivência como profissional da educação na rede municipal de ensino
de Santa Maria tendo como base analisar condições para superar práticas autoritárias da escola. Tendo como tema central a Formação Continuada na escola, o objetivo que direcionou a busca investigativa consiste em analisar propostas de formação continuada para professores do Ensino
Fundamental em escolas da rede municipal de ensino de Santa Maria com a finalidade de verificar qual a perspectiva de cidadão e de profissional que está sendo proposto. Partindo desse objetivo, buscou-se verificar, nas propostas das escolas e nas palavras dos sujeitos, indicações voltadas para
a formação do professor como intelectual orgânico, seguindo uma perspectiva gramsciana com vistas à superação da alienação e da escola como instituição isolada e supostamente neutra no contexto de dominação capitalista. Esta idéia, parte do princípio de que todo professor é um intelectual, porém, a serviço dos interesses dominantes. A reversão deste processo requer um profissional politicamente
comprometido com a transformação dos sujeitos, da escola e, conseqüentemente, da sociedade. Para a realização da pesquisa foram utilizados os preceitos da pesquisa qualitativa, através da análise documental e questionários. A análise dos dados foi realizada com o auxílio da estratégia metodológica da Análise de Conteúdo na visão de Laurence Bardin (1977). Os resultados desta análise nos mostrou que a formação continuada de professores nas escolas pesquisadas contribui
muito pouco para a formação do professor como intelectual orgânico numa perspectiva contrahegemônica aos interesses dominantes, pois documentos e sujeitos, embora utilizem um discurso democrático, ainda não fazem uso de sua autonomia para construir coletivamente um plano de formação que avance sobre o senso comum, o que tem permeado propostas descontextualizadas, descontínuas e despolitizadas. Desta forma, a escola, através de planos de educação continuada,
evidencia concepções e modelos que formam o professor distante da perspectiva de fazer da escola uma instituição a serviço dos interesses sociais, reproduzindo valores da hegemonia dominante e, portanto, tornando a formação continuada na escola, apenas uma atividade para cumprir obrigações burocráticas, sem que estas interfiram no status quo da escola que temos.