O ensino fundamental no limiar de 2010: repercussões da lei n. 11.274/2006 nos sistemas estadual e municipal de ensino de Erechim/RS
Fecha
2011-04-18Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Esta pesquisa foi desenvolvida e apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria, na linha de pesquisa Práticas Escolares e Políticas Públicas. O estudo teve como objetivo analisar como os profissionais da educação que atuam nos sistemas
estadual e municipal de ensino do município de Erechim/RS, compreendem os desdobramentos da ampliação da obrigatoriedade do Ensino Fundamental no seu contexto de trabalho. Utilizou-se como encaminhamento teórico-metodológico a pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso denominado multicasos. Os procedimentos de pesquisa adotados envolveram a análise de documentos legais
emanados pelos órgãos competentes, análise bibliográfica e entrevistas semi-estruturadas com profissionais da educação que atuam na gestão dos sistemas de ensino analisados, na coordenação pedagógica e docência no primeiro ano em uma escola do sistema de ensino estadual e em uma escola do sistema de ensino municipal de Erechim/RS. Compuseram-se três categorias de análise na realização desta pesquisa, quais sejam: políticas públicas, práticas pedagógicas e gestão do
pedagógico. Para análise dos dados e das categorias, foi adotada a análise de conteúdo. Os dados da pesquisa evidenciaram que houve uma diversidade de estratégias, tanto administrativas quanto pedagógicas, adotadas pelo sistema estadual e sistema municipal de ensino na implantação do Ensino Fundamental ampliado para nove anos no município de Erechim/RS. A participação das professoras em discussões prévias e nas tomadas de decisão, foi desconsiderada. O estudo desvelou os sentimentos de angústia e frustração de algumas profissionais da educação perante a incerteza quanto às mudanças, especialmente pelo ingresso da criança aos seis anos no Ensino Fundamental. O estudo também permitiu verificar que o trabalho pedagógico foi sendo estruturado em função da centralidade na alfabetização, principalmente no sistema estadual de ensino. Esse aspecto acentuou a preocupação com a dificuldade em acolher as culturas e linguagens infantis, incluindo-se a brincadeira de faz-de-conta e a ludicidade. A questão relativa à estrutura física das instituições escolares e à organização do tempo educativo tendeu-se para a cultura da escola de
Ensino Fundamental, sendo essa mais rígida e restritiva. A articulação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental mostrou-se inexistente ou incipiente nos sistemas de ensino analisados. No sistema estadual, a capacitação oferecida e da qual todas as professoras usufruíram fora exclusivamente pautada nos processos relativos à alfabetização e à utilização dos programas de alfabetização adotados. No sistema municipal, que não adotou nenhum programa de alfabetização,
as capacitações abordaram temas mais amplos, porém, o foco principal também foi a alfabetização. Percebeu-se, no decorrer das entrevistas, que há dificuldades para o estabelecimento de parcerias no contexto escolar, com vistas a um trabalho coletivo. As professoras assumem individualmente a responsabilidade pela qualidade do seu trabalho. A função do coordenador pedagógico como
articuladora desse processo se coloca como uma necessidade para que as discussões partam do interior da escola. A partir das discussões realizadas, o estudo em questão pretende contribuir para a análise e reflexões necessárias sobre a implantação e implementação do Ensino Fundamental
ampliado.