Ensino de artes visuais e o currículo no ensino médio: um estudo em Santa Maria/RS
Abstract
Este estudo se insere na linha de pesquisa Educação e Artes do PPGE/CE/UFSM. A referente pesquisa buscou contribuir com o debate atual sobre o currículo de Artes Visuais nas escolas de Ensino Médio. Dessa forma, utilizou-se a abordagem qualitativa, descritiva e interpretativa crítica. A coleta de dados se organizou por meio do questionário, da análise documental, observação, diário de campo e portfólio. Os sujeitos da pesquisa foram professoras do ensino de Artes Visuais do Ensino Médio, tendo como espaço de pesquisa escolas estaduais e particulares da cidade de Santa Maria/RS. Balizando-nos pelas teorias curriculares não-críticas, críticas e pós-críticas, constatou-se que existem diferentes concepções e práticas curriculares, interconectando saberes e fazeres artísticos, educacionais e sociais (Appel,1989; Moreira, 2002; Silva, 1999; Moraes, 1997; Tourinho, 2004). Verificou-se que a maioria das professoras pesquisadas, desenvolvem um ensino de Artes Visuais dentro da concepção curricular crítica, mas reprodutivista, entretanto seus currículos em ação, ainda sustentam práticas de caráter não-crítico, tanto com enfoques tradicionais, progressistas ou tecnicistas. Isto configura uma práxis eclética, onde estas professoras, mesmo com traços não-críticos também se abrem a novas possibilidades. Fato percebido pelos conhecimentos trabalhados, pela forma de seleção, organização e práxis curriculares. Assim infere-se que a História da Arte mundial e brasileira, moderna destaca-se entre os conhecimentos mais abordados nos Planos de Estudo, seguido dos elementos estruturais e intelectuais da composição; onde o fazer aparece, na maioria das práticas, de uma forma apenas complementar ao estudo teórico. Os Planos de Estudo, por parte da maioria das professoras, são elaborados pelas mesmas, os quais segundo nossas observações contemplam primeiramente interesses da escola/professores e em raros casos dos pais/comunidade. Estes são organizados por trimestre nas escolas estaduais e por bimestre nas escolas particulares, onde metade destas trabalham com dois períodos semanais de aproximadamente noventa minutos. Das Escolas investigadas, metade possui um espaço para as aulas de Artes, destas, poucas tem um local apropriado, organizado para o ensino de Artes Visuais, sendo que as escolas restantes não tem ou utilizam locais multiuso e/ou improvisados. Estas constatações nos instigaram a pontuar possibilidades para o currículo em Artes Visuais no nível Médio na perspectiva pós-crítica, e ao mesmo tempo perceber que algumas poucas sementes já estão lançadas, seja na pequena flexibilidade dos currículos, dos conhecimentos, das ações educativas. Segundo nossa percepção, o que falta é dar visibilidade ao currículo pós-crítico, é revelá-lo ao ensino da Arte; pois este se mescla a vida de educandos e educadores que vivem a Pós-modernidade. Desse modo acreditamos que as políticas públicas propositivas aliadas à formação continuada, congregando condições de trabalho (tempo, espaço, material) e valorização do profissional do ensino de Artes Visuais, poderá romper com as grades curriculares que aprisionam, seccionam conhecimentos e pessoas, possibilitando superá-las, ampliando então, o currículo de Artes Visuais, tornando-o um mapa conectável, heterogêneo, múltiplo, desterritorializado. Um mapa norteador, onde a cada professor navegante caberá escolher a sua rota, o seu percurso, podendo ser modificado, repensado, reorientado; sem início e fim demarcados, mas com um destino: o aprendizado, a experiência o conhecimento em arte.