Movimentos surdos e educação: negociação da cultura surda
Abstract
O presente trabalho tem como problematização central entender como os movimentos surdos enquanto espaço de lutas e resistências surdas vêm se resignificando para a construção de uma política de educação para surdos pautada nas articulações entre língua de sinais e cultura surda. Para dar conta desse investimento de pesquisa alguns objetivos nortearam o referido estudo: entender a emergência dos movimentos surdos no cenário da educação de surdos; identificar as diferentes estratégias de luta organizadas pelo movimento surdo a fim de compreender seus efeitos para a educação de surdos na contemporaneidade. Para isso filiou-se ao campo dos Estudos Culturais em Educação, com atravessamentos do campo dos Estudos Surdos que entendem a surdez e a educação de surdos a partir de um contexto cultural e linguístico específico. O corpus empírico do estudo está dividido em dois grupos de materiais: narrativas de lideres surdos e um conjunto de documentos que considero com as condições de possibilidades para a emergência de um discurso que vem produzindo o movimento surdo a partir de outros arranjos, de outras experiências. Esses conjuntos de documentos são: Documento Educação que nós Surdos Queremos de 1999 Projeto de Curso Letras/LIBRAS, Lei 10.436/ Decerto 5.626 e Movimento Escola Bilíngüe para Surdos. Com as narrativas dos lideres surdos, coletados por meio de entrevistas, pude localizar o movimento surdo em dois momentos, ou seja, em dois focos de potência analítica. O primeiro momento centrado na emergência da luta pela oficialização da língua de sinais, na constituição de identidades surdas e o segundo nas estratégias de negociação da cultura surda no campo da educação. Pode-se verificar nas emergências e nas possibilidades da história do movimento surdo uma organização política articulada com a educação de surdos e com negociação da cultura surda no cenário contemporâneo.