Professores homens: por uma ressignificação da docência nos anos iniciais do ensino fundamental
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2014-05-26Metadatos
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A presente dissertação insere-se à linha de Pesquisa Práticas Escolares e Políticas Públicas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. Buscamos compreender em que medida as representações de gênero influenciam a imagem e a receptividade do professor homem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Foram entrevistados cinco professores formados no curso de Pedagogia da UFSM, no período de 1984 a 2012 e, paralelo às entrevistas, elaboramos um histórico sobre a inserção do homem nesse curso, com o objetivo de compreender as motivações que os levaram a cursá-lo. Destacamos a relevância do conhecimento sobre a história do curso e, em vista disso, pesquisamos o histórico e a implementação até a última reformulação curricular. Somando-se à pesquisa histórica, realizamos uma reflexão sobre as questões de gênero, contextualizando os movimentos feministas e a introdução sobre os estudos de gênero. A partir disso, problematizamos a masculinidade como construção social, buscando compreender o ideal de masculinidade socialmente representado. Para o desenvolvimento do estudo, no que se refere à metodologia, foi desenvolvido um estudo de caso, aliado à metodologia da pesquisa quantitativa e qualitativa e a história oral temática. Sobre o referencial teórico-metodológico destacamos os/as autores/as: Louro (1990, 1996, 2002, 2003, 2009), Badinter (1993), Connell (1995), Scott (1990), Tambara (1998), Oliveira (2004), Rabelo (2008, 2009, 2010) e Meihy (1995). Com a realização deste estudo, percebemos, a partir da análise das narrativas dos professores que lecionam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que as motivações que o levaram a ingressar no curso de Pedagogia apresentam diferentes atribuições. Entre elas, a vontade de ser professor, assim como a necessidade de ter a formação num curso de nível superior. Ressaltamos que os cinco professores, em algum momento de suas vidas, seja no decorrer do período do curso ou na prática em sala de aula, sentiram-se satisfeitos por estarem junto aos alunos/as. Nesse contexto, não manifestaram a vontade de desistir do curso ou da profissão. As narrativas sinalizaram que a posição dos familiares é importante na escolha da profissão, mas não se constitui num fator determinante, visto que, mesmo com o questionamento e a resistência inicial por parte dos familiares, estes professores optaram em continuar o curso e seguir a profissão. Também demonstraram que a escolha por ser professor supera a resistência inicial estabelecida entre a comunidade escolar, em especial, entre as colegas professoras e os pais dos alunos/as. Isso se confirmou quando os mesmos relataram que, no início, há certo estranhamento por parte de pais e professoras ao se depararem com um professor homem lecionando nos Anos Iniciais. Dessa forma, foi-nos possível verificar que há ainda traços de resistência sobre a presença do professor nos Anos Iniciais. O que fica é que o objeto da análise desta investigação merece atenção, em vista de produzir mais estudos sobre o tema, para que as práticas pedagógicas de professores homens, num contexto escolar pouco analisado, sejam visibilizadas e problematizadas e, a partir dessas discussões, as imagens dos professores e a forma como estes serão recepcionados sejam ressignificadas.