As analogias no ensino de conteúdos conceituais de física
Abstract
A presente investigação relata um estudo das contribuições e limitações do uso de Atividades Didáticas baseadas em Analogias para o ensino de conteúdos conceituais de Física no Ensino Médio. Considerou-se a preocupação em avaliar a influência das analogias na aprendizagem dos alunos. Para tanto, procedeu-se a elaboração de Atividades Didáticas
baseadas em Analogias. Em continuidade, verificou-se a familiaridade dos análogos, utilizados nas atividades e as justificativas apresentadas para isso, mediante a aplicação de um questionário a 157 alunos, de 03 professores, incluindo o professor-pesquisador, de 2a e 3a séries de 04 escolas da rede de Ensino Médio do Rio Grande do Sul, 64 de Santa Maria/RS, 44 de Candelária e 49 de Nova Palma. Na seqüência, implementou-se as atividades didáticas nas turmas dos respectivos professores. Nesta etapa foram utilizados como instrumentos para o registro de informações as produções realizadas pelos alunos durante as implementações e a vídeo-gravação das aulas, de duração média de dois períodos (50 minutos cada), ao longo de um período letivo de 10 meses, de março a dezembro de 2004. Ao final deste período, realizou-se com os professores entrevistas semi-estruturadas, audio-gravadas e posteriormente transcritas. A análise das respostas dos alunos revelou que consideram como
familiares apenas os análogos vivenciados e visualizados, sendo que as justificativas, para a familiaridade com os análogos, avançaram em sentidos diferentes. Enquanto alguns alunos recorrem a situações vivenciadas, experiências de vida, para justificarem a familiaridade com o análogo, outros
recorrem a conhecimentos que se enquadram no domínio dos conteúdos escolares. Os alunos não apenas possuem conhecimentos e informações científicas, provavelmente aprendidos na escola como fora dela, como também se utilizam destes conhecimentos e informações para produzirem suas respostas. Tendo em vista as implementações ocorridas podemos dizer que o significado que cada aluno construiu de um determinado conceito foi formado mediante o conjunto de relações analógicas que estabeleceu, as limitações que identificou e as conclusões que elaborou. Neste sentido, podemos inferir que à medida que os alunos adquirem uma maior compreensão do processo de aprendizagem com a utilização de analogias é possível que eles adquiram uma maior capacidade de se comprometerem com níveis mais elevados de
aprendizagem, ou seja, de estabelecerem maior número de correspondências, de limites e de elaborarem sínteses conclusivas com maior argumentação. De maneira geral, comprovou-se que a aprendizagem e, portanto, o avanço no
estabelecimento de correspondências, identificação de limitações e elaboração de sínteses conclusivas pelos alunos, aconteceu de forma progressiva. Isto é justificável por estarmos trabalhando, dentro das atividades, com ações que se classificam como conteúdos de caráter procedimental. Portanto, afirma-se que a aprendizagem de conteúdos conceituais, mediante o uso de Atividades Didáticas baseadas em Analogias, ocorre por meio de procedimentos. Por sua
vez, a aprendizagem de procedimentos também ocorre de forma lenta, o que foi propiciado ao longo das atividades desenvolvidas. Nosso entendimento é que nenhuma Atividade Didática baseada em Analogia é melhor nem pior, pois todas apresentam aspectos distintos, sendo necessário levarmos em
consideração, principalmente, suas características, a amiliaridade com o análogo, as habilidades procedimentais dos alunos e o encaminhamento do professor na implementação. Geralmente, as analogias têm características múltiplas, embora em muitas delas algumas prevaleçam sobre outras, e
algumas características predominantes podem ser suficientes. Em geral, o desempenho melhor dos alunos nas tarefas solicitadas foi observado nas atividades que possuíam as seguintes características: a) alvo e/ou análogo representados mediante imagens ou modelos físicos; b) análogo possível de
ser dramatizado/simulado; c) menor número de atributos a serem relacionados e d) análogo extraído do cotidiano (exterior a própria área de conhecimento). No presente momento, arriscaríamos afirmar que as Atividades Didáticas
baseadas em Analogias mostraram-se como um dos possíveis caminhos à formação de conceitos e ao domínio de procedimentos. Em síntese, o que percebemos em nossa investigação é que os alunos construíram um entendimento dos conceitos estudados e habilitaram-se para realização de
procedimentos possíveis de serem ensinados com este tipo de atividade. Representam, comparam, identificam, argumentam e registram, articulando o conceitual ao procedimental.