As representações sociais dos professores de alunos com síndrome de Down incluídos nas classes comuns do ensino regular.
Abstract
O presente trabalho foi desenvolvido durante o Curso de Mestrado em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, linha de pesquisa Educação Especial, da
Universidade Federal de Santa Maria. Desenvolvemos essa pesquisa com o objetivo de investigar as representações sociais dos professores de alunos com síndrome de Down
(SD), incluídos nas séries iniciais do ensino fundamental, a fim de compreender como está acontecendo a inclusão desses alunos nas classes comuns do ensino regular. Isso porque,
mais que um desafio, a educação inclusiva é uma realidade, que permite que as escolas comuns do ensino regular tornem-se ambientes onde todos possam exercer seu direito à
educação, onde as diferenças sejam atendidas (e respeitadas) de forma plena, onde todos os alunos, independente de terem ou não deficiências, tenham respeitados o seu desenvolvimento e o seu ritmo de aprendizagem. Sabemos, no entanto, que em muitas
escolas isso não acontece, assim, pensar em inclusão significa pensar na transformação do sistema educacional. É neste contexto que se faz imperativo escutar os professores, saber o que eles pensam, sentem, suas idéias, enfim, suas representações. Sabe-se que as representações sociais influenciam no cotidiano, nas atitudes, nas tomadas de decisão e nas práticas. Pensando nas práticas educativas dos professores, as representações possibilitam fazer a relação entre a dinâmica que envolve linguagem, pensamento e ação.
Para a realização da pesquisa, utilizamos a análise de conteúdo como abordagem metodológica, o que nos permitiu ter uma visão ampla das representações sociais e do
contexto escolar. Através dos discursos dos professores, buscamos compreender as representações que eles têm de seus alunos com SD, dando atenção maior a alguns
pressupostos, tais como: o fenótipo, os mitos, as terminologias, os sentimentos, as atitudes.
Com a análise dos dados, podemos observar claramente que ainda está muito dividida a representação que os professores fazem de seus alunos com SD e da sua prática inclusiva.
Também, verifica-se que é fundamental a formação continuada específica. Da mesma forma que acreditamos nas inúmeras possibilidades das pessoas com SD, cremos que é
imprescindível a dedicação e o preparo dos professores. Com a inclusão os professores estão aprendendo a ver que cada aluno possui as suas particularidades, a sua história de
vida: que o aluno não é somente mais um em sala, e sim outro , com outra história, outra família. Assim, o estudo das representações sociais dos professores, de seus alunos com SD, é uma forma de (re)ver a diferença na sala de aula, provocando reflexões e abrindo portas para novos olhares, novos caminhos num processo de participação ativa. É
necessário destacar que o resultado que se busca é a compreensão e descrição do processo, não respostas e verdades definitivas, levando em conta que as representações
sociais estão em constante (re)formulação. Sublinhamos, finalmente, o que Moscovici (1978) afirma, o estudado é provisório e aberto e deve ser questionado e aprofundado.