Territórios da formação docente: o entre-lugar da cultura
Abstract
Esta pesquisa foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, nível de Mestrado do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, para a Linha de Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional. O interesse pelo território da formação docente é apresentado na pesquisa a partir da perspectiva da autoformação. Está
é entendida por mim como um processo que se encontra em constante transformação e que ocorre em entre-lugares diversos. O conceito de cultura é apresentado como tudo aquilo que diz respeito à vida humana nas suas mais diversas formas. A discussão da cultura na Educação assume um caráter de fuga da razão instrumental e passa a ser pensada
enquanto cuidado de si. A formação é vista como algo que escapa ao domínio técnico e racional, pois apenas a formação profissional não garante a atuação do professor. Acredito
que esta tem a ver com a construção subjetiva do mesmo enquanto pessoa e dos saberes pessoais. Deste modo, a pesquisa realiza a interlocução teórica com as informações
provenientes da análise documental, retirada da pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Educação e Pesquisa (MEC/ INEP) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e a cultura (UNESCO) denominada Perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam... A ênfase da análise recai sobre o capítulo O Perfil dos Professores Brasileiros, com especial atenção para o sub-capítulo Os professores e suas práticas culturais. A escolha do material se deu em função da
abrangência e relevância da pesquisa como forma de contribuição para a discussão da formação cultural dos professores no Brasil. Minha questão de pesquisa é a investigação dos aspectos da formação cultural do professor, tendo a mesma como uma construção subjetiva que remete ao campo do imaginário social, segundo Cornelius Castoriadis. Como objetivo busquei a aproximação com a formação cultural dos professores brasileiros como forma de entendimento sobre os processos de autoformação, estabelecendo um diálogo
com o conceito de cuidado de si de Michel Foucault. Acredito que as experiências dos professores possam produzir sentido, a partir da re-significação das mesmas durante todo o
processo de formação como profissional. A análise documental da pesquisa sobre o perfil dos professores brasileiros possibilitou o entendimento das condições em que estes se
encontram e de que modo se relacionam com a cultura. Tornou-se possível verificar que as condições sócio-econômicas condicionam, em muito, suas práticas. No que diz respeito às preferências dos professores, de um modo geral, os gostos vão ao encontro do imaginário social e às práticas da população em geral, dependendo do local de moradia e da idade. Entretanto, revela-se a diversidade das escolhas a partir da pluralidade cultural. Por fim, a contribuição do conceito do cuidado de si mostra-se como uma possibilidade no sentido do cuidar de si (professor) para cuidar do outro (aluno)