A percepção e o percurso das mulheres nos cenários públicos de atenção pré-natal
Fecha
2008-12-03Metadatos
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Este estudo investigou o percurso das gestantes em um cenário de saúde pública, sob o seu
próprio olhar. A pesquisa teve como loco os serviços públicos, e como sujeitos gestantes
encaminhadas de uma unidade de saúde da família, provenientes das regiões da cidade (norte,
sul, leste e oeste), para o serviço especializado em obstetrícia. O principal objetivo foi o de
conhecer a percepção das gestantes em relação ao percurso que fizeram durante o ciclo
gravídico, nos cenários de saúde pública no Município de Santa Maria/RS. Foi analisada a
concepção cultural das gestantes acerca do pré-natal; foi investigado o seu discernimento
quanto às crenças e valores que as direcionaram no percurso de atenção à saúde, no ciclo
gravídico; bem como o seu conhecimento da movimentação que fizeram nos cenários de
saúde do município. A metodologia norteadora da pesquisa está pautada em um estudo de
campo, descritivo, com abordagem qualitativa. A coleta dos dados ocorreu no período de abril
a julho/2008, contando com a participação de 15 gestantes. Foi utilizado a análise temática de
Minayo (2007). Para interpretar as informações foram estabelecidas duas grandes categorias:
Percepções das Gestantes Sobre o Pré-natal, de onde se depreenderam seis subcategorias; e a
outra foi o Percurso das Gestantes nos Cenários de Saúde, depreendendo-se duas
subcategorias. Os resultados indicaram que a funcionabilidade do sistema de referência e
contra-referência é precário, e não garante a continuidade das ações em saúde; o serviço de
referência obstétrica tem realizado encaminhamento da gestante, sem a contra-referência
formal, favorecendo a fragmentação do cuidado; as informações de um serviço para o outro
ocorrem baseadas nos relatos das gestantes; e o relacionamento interpessoal está focado na
relação de amizade entre os profissionais e gestantes, o que por vezes agiliza o
encaminhamento e o acesso da mesma, porém nem sempre seguindo os fluxos e trâmites
formais. Enfim, as gestantes estão acostumadas a se deslocarem entre as unidades de saúde da
rede e do serviço de referência para intercorrências obstétricas e/ou acompanhamento de prénatal
de alto risco, com a expectativa de gerar um bebê saudável prioritariamente e, em
segundo plano, para cuidarem de sua própria saúde. E que o cuidado com a gestação centrado
no modelo biomédico não deixa de ter um caráter social e cultural impregnado de incertezas,
de negociações, de adaptações e repadronizações individuais e coletivas nos cenários que as
gestantes percorrem durante o ciclo gravídico.