Distúrbios psíquicos menores em enfermeiros docentes
Fecha
2010-12-29Metadatos
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Esta pesquisa tem como objeto de estudo a associação entre altas demandas psicológicas e baixo controle do trabalhador sobre o trabalho e a ocorrência de Distúrbios Psíquicos Menores em enfermeiros docentes de universidades federais públicas. O estresse laboral pode resultar do desequilíbrio mantido entre as demandas psicológicas que o exercício profissional exige e a autonomia de decisão do trabalhador. Os Distúrbios Psíquicos Menores ocorrem quando existem alterações orgânicas significativas mediante a presença de um estressor. Este estudo objetiva investigar a demanda psicológica e o controle sobre o trabalho (quadrantes do
Modelo Demanda-Controle) e sua associação com os Distúrbios Psíquicos Menores (DPM) em enfermeiros docentes. Estudo epidemiológico seccional incluindo 130 enfermeiros
docentes das universidades federais do Rio Grande do Sul, Brasil. Para avaliação dos Distúrbios Psíquicos Menores e das dimensões do Modelo Demanda-Controle, foram utilizadas as versões brasileiras do Self-Report-Questionnaire (SRQ-20) e do Job Stress Scale (JSS), respectivamente. Foi utilizado para a inserção dos dados o programa Epi-info®, versão
6.4, com dupla digitação independente e para a análise o programa PASW Statistic® (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago - USA ) versão 18.0 for Windows.
Após a análise descritiva, realizaram-se as análise bivariadas e multivariáveis, adotando-se níveis de confiança de 95% (p< 0,05) e de 75% (p ≤ 0,25), respectivamente. Os enfermeiros
docentes eram predominantemente do sexo feminino (90,8%); com média da idade de 47 (±4,65) anos, tinham doutorado (56,9%), pertenciam à raça branca (93,1%), eram casados ou
viviam com companheiro (74,6%); possuíam de um a dois filhos (50%); apresentavam renda familiar percapita de até seis salários mínimos (50,5%) e possuíam até três dependentes
(73,8%). Quanto aos dados laborais, 50% dos enfermeiros docentes pertenciam à categoria profissional adjunto, seguidos pela categoria assistente (36,9%). Quanto ao regime de trabalho, 93,1% trabalhava 40 horas semanais com dedicação exclusiva, 30% trabalhava a mais de 20 anos; desenvolvendo atividades de ensino na graduação (50,8%), na graduação e na pós-graduação (49,2%) e atividades de pesquisa (91,5%) e extensão (85,4%). A prevalência de distúrbios psíquicos menores foi de 20%. Após ajustes por potenciais confundidores, a chance de distúrbios psíquicos foi maior no quadrante trabalho ativo (OR=14,23; IC95%= 1,55 130,73), seguido do quadrante alta exigência (OR=10,05; IC95%= 1,23 - 82,44), quando comparado aos enfermeiros docentes do quadrante baixa exigência. Conclui-se que a alta demanda psicológica e o baixo controle sobre o trabalho tem desencadeado acometimentos, dentre eles os DPM em enfermeiros docentes. Evidencia-se, ainda, que a alta demanda psicológica tem influência negativa no trabalho dos enfermeiros docentes, mesmo quando esses trabalhadores possuem alto controle sobre o trabalho. Portanto, estratégias individuais e algumas questões organizacionais necessitam ser
repensadas com o intuito de prevenir o adoecimento mental dos enfermeiros docentes.