Capacidade para o trabalho na enfermagem: relação com aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos menores
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar a associação entre alta exigência no trabalho, Distúrbios Psíquicos Menores e redução da capacidade para o trabalho em trabalhadores de enfermagem. A hipótese central é de que as associações são positivas. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com 498 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário público do Rio Grande do Sul. Utilizaram-se as versões brasileiras do Índice de Capacidade para o Trabalho, da Job Stress Scale e do Self-Report Questionnaire-20, de um banco de dados coletado em 2009. A análise dos dados foi realizada no PASW 18.0, por meio da estatística descritiva e multivariada. Dos participantes, 29,7% foram classificados em alta exigência no trabalho, 33,7% com suspeição de Distúrbios Psíquicos Menores e 43,3% com reduzida capacidade para o trabalho. As chances dos trabalhadores em alta exigência apresentarem redução da capacidade para o trabalho foram maiores (OR=2,09; IC95% =1,25-3,51) quando comparados aos classificados em baixa exigência, mesmo após ajustes dos possíveis confundidores (sexo, idade e função). Da mesma forma, os trabalhadores com suspeição de Distúrbios Psíquicos Menores tiveram mais chances (OR= 2,70; IC95%=1,59-4,57) de serem classificados com redução da capacidade para o trabalho quando comparados aos sem suspeição, mesmo após ajustes pelos possíveis fatores de confundimento (sexo, escolaridade, carga horária, outro emprego, estado de saúde, estado de saúde atual, sono, fumo, idade). Conclui-se que os resultados confirmam as hipóteses investigadas. Faz-se necessário a implementação de medidas coletivas (gestores e trabalhadores) de promoção à saúde e de prevenção de agravos, que contribuam para a manutenção da capacidade para o trabalho dessa população.