Significações da revelação do diagnóstico para o adolescente que tem HIV/AIDS: possibilidades para enfermagem
Abstract
O objetivo deste estudo foi compreender o significado da revelação do diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) do adolescente. Investigação qualitativa, fenomenológica sustentada no referencial teórico-metodológico de Martin Heidegger. A etapa de campo foi desenvolvida no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012, no Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Rio Grande do Sul, Brasil. Como modo de acesso ao ser utilizou-se a entrevista fenomenológica e coleta no prontuário. Contemplou 12 adolescentes que têm HIV/aids, de 13 a 19 anos de idade. A etapa de campo foi concomitante a etapa de análise a qual permitiu alcançar a suficiência dos significados. Os aspectos éticos foram respeitados conforme a Resolução 196/1996. A análise dos dados foi pautada nos dois momentos metódicos heideggeriano: 1) a compreensão vaga e mediana apontou que para o adolescente a revelação do diagnóstico significa saber disso antes de alguém contar, mesmo sem entender, até a família e/ou profissionais da saúde explicarem. Sabe como foi à transmissão do vírus e que precisa de tratamento. No início fica assustado e com medo, depois que entende se acostuma e aceita. Não contar para ninguém e ter medo da reação se alguém souber. Ter limites e regras por ter algo que os outros não têm. Aceitar tomar o remédio e, com o tempo, se acostuma e aprende a se cuidar. Ser uma pessoa normal, o diferente é o vírus, ter que tomar os remédios e ir ao hospital. 2) a compreensão interpretativa desvelou que o ser-adolescente-que-vivenciou-a-revelação-do-diagnóstico-de-HIV/aids, se mantém como todos são e querem que ele seja. Decaído no seu cotidiano, aprisionado na falação das informações recebidas e repassadas sobre sua condição sorológica, curioso por saber sobre sua situação de saúde e na ambiguidade de se perceber normal e se sentir diferente. Uma vez que, diante da facticidade de ter HIV/aids se desvelou ocupado com ter que manter o tratamento. Na solicitude dominadora dos familiares, tomava o remédio porque o davam. No entanto, a solicitude libertadora se estabelece quando os familiares e/ou profissionais de saúde explicaram que o tratamento é para a sua saúde, assim se preocupa em cuidar-se. A compreensão do vivido do ser-adolescente-que-vivenciou-a-revelação-do-diagnóstico-de-HIV/aids desvela a possibilidade de incorporar a dimensão biológica à dimensão existencial no movimento da revelação. O enfermeiro tem a perspectiva de possibilitar o movimento existencial da impessoalidade decadente à autenticidade quando possibilitar que o ser-adolescente-que-vivenciou-a-revelação-do-diagnóstico-de-HIV/aids se (des)cubra em meio as suas potencialidades, facilidades, limites e dificuldades diante da revelação do diagnóstico.