Autoimagem, repercussões sociais e pontos de apoio para usuários de substâncias psicoativas
Abstract
O presente estudo objetivou conhecer como os sujeitos que fazem uso de substâncias psicoativas percebem a sua imagem corporal e analisar as repercussões sociais e os pontos de apoio identificados pelos sujeitos que fazem uso de substâncias psicoativas. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, desenvolvida por meio da utilização de metodologia problematizadora, com a aplicação do Arco de Charles Maguerez. Participaram da pesquisa 16 sujeitos que estavam em tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), de um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A produção dos dados da pesquisa ocorreu entre os meses de abril a junho de 2014, por meio da realização de cinco encontros reflexivos . A análise dos dados ocorreu em três fases: coleta e organização; codificação; e, identificação dos temas emergentes. Por se tratar de pesquisa com seres humanos, os aspectos éticos foram respeitados conforme Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Como resultados, foram identificados três temas emergentes: o uso de substâncias psicoativas e os reflexos sobre a autoimagem; as repercussões sociais que envolvem estar um usuário de substâncias psicoativas; e, os pontos de apoio potencializadores de mudanças. Conclui-se que a autoimagem construída por esses sujeitos sofre influências de uma vida atravessada pelas experiências de uso de substâncias psicoativas, repercutindo em sentimentos de autodesvalia, problemas com a autoestima e autocuidado. Vivenciam um contexto social repleto de preconceito, são rotulados, estigmatizados, de tal forma que passaram a adotar os estereótipos negativos a si próprios. Demonstram atitude desesperançosa frente a possíveis mudanças nesse cenário de discriminação e exclusão. Apesar disso, encontram apoio para continuar o tratamento e encarar os problemas do cotidiano no CAPS AD, na família e na fé. Nesse sentido, reitera-se a importância de implantação/manutenção de espaços para desmitificar certas concepções que ampliam a estigmatização social desses sujeitos, e incentivar que os usuários ocupem os espaços de participação social na luta por políticas e práticas que ampliem/garantam sua condição de cidadania.