Vivências morais e sofrimento moral de enfermeiros que cuidam de crianças com necessidades especiais de saúde
Resumo
Introdução: A prática da enfermagem em pediatria vem se tornando cada vez mais complexa,
uma vez que o perfil da infância brasileira encontra-se em processo de mudança, trazendo
consigo o aumento do número de crianças com necessidades especiais de saúde. Os enfermeiros
constituem-se em profissionais com importante conhecimento acerca dos melhores interesses
da criança e da família, advogando em prol de seu bem estar, estando, dessa forma, inclinado a
vivenciar o sofrimento moral. Objetivo: compreender como o sofrimento moral se apresenta no
cotidiano de cuidado de enfermeiros que cuidam de crianças com necessidades especiais de
saúde. Metodologia: Estudo fenomenológico interpretativo, realizado em três unidades de
internação pediátrica e neonatal de um hospital de ensino. Participaram do estudo nove
enfermeiros e a coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista nos meses de novembro e
dezembro de 2014. As entrevistas foram gravadas e transcritas. A análise deste estudo foi feita
a partir da perspectiva Fenomenológica Interpretativa de Patrícia Benner. Na análise
interpretativa ocorreu a busca por exemplares e casos paradigmáticos e na análise temática
elencou-se os padrões de significado que possibilitaram a compreensão do fenômeno. Assim,
três temas foram descritos referente às relações das enfermeiras que culminam no aparecimento
de vivências morais. O estudo preservou os princípios éticos da pesquisa, conforme Resolução
Nº 466, de 12 de dezembro de 2012 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição, sob número 36618114.4.0000.5346. Resultados: As enfermeiras deste estudo
mostraram-se engajadas em diversos níveis de intensidade diante das preocupações
relacionados ao cuidado em pediatria. Dessa forma, na relação com a equipe de saúde, com os
enfermeiros, com a família da criança, e com a criança, as participantes vivenciaram um
cuidado que gera sofrimento, angústia, sentimento de frustração, satisfação, responsabilidade,
entre outros. Conclusão: concluiu-se que o engajamento das enfermeiras modifica-se a todo o
momento nas situações de cuidado à criança, podendo instigar a sua agência moral ou inibindoa,
de acordo com as compreensões sobre a prática de enfermagem.