Água subterrânea e a saúde da comunidade em bairro de Santa Maria - RS
Abstract
No presente trabalho teve-se como objetivo cadastrar as fontes alternativas de abastecimento de água
existentes no Bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, avaliar a qualidade física química e
bacteriológica da água dessas fontes, determinar a vulnerabilidade à contaminação da água
subterrânea, identificar a ocorrência de doenças de veiculação hídrica na comunidade e fornecer
subsídios para o uso e gestão consciente dos recursos hídricos subterrâneos. O cadastramento dos
usuários de fontes alternativas foi realizado por meio de visitas às residências, levantando-se número e
tipos de poços, localizações em coordenadas UTM, níveis estáticos e suas situações construtivas e de
manutenção. Aplicou-se, ainda, em cada residência questionários a fim de obter informações sócioambientais
a respeito dos usuários destas fontes alternativas. Foram coletadas amostras de água dos
poços tubulares, poços escavados e das fontes nascentes para determinação da qualidade. A
metodologia GOD foi utilizada para a definição dos índices de vulnerabilidade das diferentes áreas
representadas pelas unidades geomorfológicas. Para identificar doenças de veiculação hídrica, fez-se a
coleta e análise de sangue e fezes dos moradores do bairro e ao final foi distribuída uma cartilha sobre
os cuidados necessários para com a água subterrânea. Foram observados diversos poços que
apresentaram não conformidades de construção e/ou conservação conforme a NBR 12224/2006,
fatores preocupantes que podem gerar a contaminação da água subterrânea. Dentre os poços
analisados, os escavados foram os que mais ultrapassaram o valor máximo permitido para o parâmetro
cor, o total de 13,63% estavam acima do estabelecido como máximo na Portaria n.º 518/2004. No
parâmetro turbidez 18,18% das amostras encontram-se acima do VMP recomendado na Portaria n.º
518/2004. O pH das amostras de água teve uma variação ampla entre 4,24 a 8,2 enquanto a faixa de
variação estabelecida pela Portaria nº 518 do Ministério da Saúde é de 6,0 à 9,5. No que diz respeito à
dureza das águas, a variação de sua concentração foi de 4,96 a 800,57 mg/L de CaCO3, sendo que a
Portaria n.º 518/2004, classifica como potáveis as que apresentam valores inferiores a 500 mg/L de
CaCO3. Os valores de concentração de sódio nas amostras de água variaram de 2 a 112mg/L, ficando
abaixo do limite máximo estabelecido pela Portaria n.º 518/2004 que é 200mg/L. Com relação aos
resultados obtidos na determinação de Coliformes Totais, 43,18% das fontes alternativas apresentaram
contaminação e 40,90% apresentaram contaminação por coliformes fecais. Nos poços escavados
constatou-se vulnerabilidade natural à contaminação variando de média a alta, enquanto que nas
fontes/nascentes a vulnerabilidade foi desprezível. A análise das amostras de sangue coletadas dos
usuários de fontes alternativas de abastecimento, revelou 0% de positividade com relação à Hepatite A
e as amostras de fezes não apresentaram existência de cistos, ovos e larvas de parasitas. Em função
dos resultados conclui-se que é importante o monitoramento constante da qualidade da água nas
comunidades usuárias das fontes alternativas, evitando assim problemas relacionados à saúde humana.