Contribuições para a micropropagação de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert
Abstract
Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert é uma espécie florestal nativa de rápido crescimento e dotada de importância ambiental e econômica. No entanto, os
estudos relacionados à produção de mudas de qualidade por meio da propagação vegetativa são, ainda, incipientes. Em virtude disso, este trabalho objetivou estudar metodologias para a multiplicação e para a formação de raízes in vitro de
Peltophorum dubium. Para a multiplicação foram avaliados o emprego isolado ou combinado das citocininas 6-Benzilaminopurina (BAP), Cinetina (CIN), Isopenteniladenina (2iP) e Thidiazuron (TDZ) em diferentes concentrações, bem
como sua associação com a auxina Ácido alfa-Naftaleno Acético (ANA) ou carvão ativado. Na formação de raízes foram avaliadas as auxinas ANA, Ácido 3-Indol Butírico (AIB) e Ácido 2,4-Diclorofenoxiacético (2,4-D) em diferentes concentrações, bem como o período de exposição das brotações a esses fitorreguladores e seu cultivo nos meios nutritivos MS e WPM. Foram avaliados, ainda, substratos
alternativos (vermiculita, Plantmax® ou areia fina) associados a diferentes volumes de meio nutritivo MS, contendo ou não ágar, na formação in vitro de raízes, com o intuito de oferecer um meio mais poroso para o desenvolvimento do sistema
radicular. Não ocorreu emissão de brotações adventícias na ausência de citocininas em epicótilos de Peltophorum dubium. TDZ e 2iP, a 5 ou 10 μM, associados a 0,015 μM de ANA, em meio MS, promoveram as maiores porcentagens de brotações
adventícias. No entanto, as brotações apresentaram pequeno desenvolvimento, intensa formação de calos na base e clorose foliar, o que inviabilizou a sua utilização. Na ausência de citocininas não ocorreu clorose foliar. A inclusão de 1 g L-
1 de carvão ativado ao meio nutritivo MS proporcionou a obtenção de brotações mais vigorosas e a utilização de epicótilos contendo nós cotiledonares permitiu a
formação de novas brotações em todos os tratamentos testados. Quando BAP foi utilizado isoladamente não foi observada a emissão de brotações adventícias em
epicótilos; estas só passaram a ocorrer quando foram utilizadas combinações de BAP com CIN ou 2iP. Em meio nutritivo MS, a maior formação de calos foi observada na presença de 10 μM de AIB, aos 30 dias. Em meio nutritivo WPM, a maior formação de calos ocorreu na ausência de AIB. Reduzidas porcentagens de formação de raízes em brotações de Peltophorum dubium foram obtidas tanto em meio MS como em WPM, independentemente da ausência ou da presença de AIB. Em meio nutritivo MS, independente da presença ou não de auxinas e, independente da concentração utilizada, ocorreu calogênese na base das brotações de Peltophorum dubium aos 30 dias de cultivo in vitro.Tanto o meio nutritivo MS quanto o WPM possibilitaram a formação de raízes em brotações de Peltophorum dubium com a utilização de tratamentos pulse de AIB, em concentrações entre 0 e
20 μM, durante seis dias no meio nutritivo. No entanto, a formação de raízes não foi satisfatória. Ocorreu intensa formação de calos na base das brotações, aos 60 dias,
quando a vermiculita foi utilizada como substrato no processo de indução ao enraizamento. Aos 60 dias foi possível obter formação de raízes em todos os substratos testados. A combinação de meio MS acrescido de 10 μM de AIB +
vermiculita + ágar proporcionou 36,8% de formação de raízes nas brotações, bem como melhorou a qualidade do sistema radicular de Peltophorum dubium. A utilização de epicótilos contendo nós cotiledonares, em meio nutritivo MS, acrescido
de carvão ativado, reduz a calogênese na base dos explantes e eleva a emissão de brotações adventícias para 75%, bem como proporciona a obtenção de brotações mais vigorosas e sem clorose foliar. As auxinas ANA, AIB e 2,4-D, em
concentrações de até 20 μM durante todo o período de cultivo não são eficientes em promover a formação in vitro de raízes em brotações de Peltophorum dubium. O emprego de tratamento pulse com AIB por seis dias e a redução na concentração de sais do meio nutritivo após esse período permite a formação de raízes, independente da concentração de AIB e da utilização dos meios MS ou WPM. Resultados mais promissores são obtidos com a utilização da combinação de
vermiculita, meio nutritivo e ágar, tanto na porcentagem de formação de raízes, como na qualidade do sistema radicular formado.