Germinação e multiplicação in vitro de grápia (Apuleia leiocarpa (Vogel) J. F. Macbr.)
Abstract
O objetivo deste estudo foi avaliar a germinação e multiplicação in vitro de grápia, visando a produção de mudas e a conservação de genótipos selecionados. Para a desinfestação, as sementes passaram primeiramente pelo tratamento de quebra de dormência tegumentar com ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado por 20 min. Posteriormente foram avaliadas as concentrações de 0; 2,5 e 5,0% de hipoclorito de sódio (NaOCl) nos tempos de imersão de 5, 10 e 15 min. na desifestação das sementes. As sementes foram inoculadas em frascos de vidro contendo 5 mL de meio de cultura composto por água destilada, sacarose (30 g L-1) e ágar (7g L-1). Aos 30 dias foram avaliadas as porcentagens de germinação e desinfestação, o tempo médio de germinação (TMG) e o índice de velocidade de germinação (IVG). Sementes desinfestadas também foram inoculadas em meio de cultura WPM (Wood Plant Medium) suplementado com 4, 5 e 6 g L-1 de ágar, combinado com 10, 20 ou 30 g L-1 de sacarose e cultivadas no escuro durante os sete primeiros dias ou na luz durante todo o período. Aos 15 dias foram avaliadas a porcentagem de germinação, a altura da parte aérea (cm), o número de folhas e entrenós, o comprimento total das raízes (cm), o TMG e o IVG. As plântulas assépticas foram transplantadas para meio de cultura WPM, MS ou ½ MS. Aos 15 dias foram avaliadas quanto à altura da parte aérea (cm), o comprimento total das raízes (cm) e o número de segmentos nodais e de folhas. O tratamento de superação de dormência das sementes de grápia com (H2SO4) associado à pré-desinfestação com etanol 70% promoveram eficiente desinfestação das sementes, sem a necessidade do uso de NaOCl. Sementes mantidas no escuro apresentaram menor TMG, maior IVG e altura da parte aérea. O meio de cultura WPM suplementado com 4 g L-1 de ágar e 10 g L-1 de sacarose é indicado para a conservação in vitro das plântulas de grápia. Para a multiplicação, segmentos de diferentes posições da parte aérea da plântula (basal, mediana e apical) foram inoculados em meio de cultura WPM acrescido de 0; 2,2; 4,4; 6,6 ou 8,8 μM de 6-benzilaminopurina (BAP). Segmentos nodais foram inoculados em meio de cultura WPM suplementado com 0; 2,2; 4,4; 6,6 ou 8,8 μM de BAP e com 0 e 1,5 g L-1 de carvão ativado. Segmentos nodais também foram inoculados em meio de cultura WPM acrescido de 0; 2,3; 4,6; 6,9 e 9,2 μM de cinetina (KIN) e de 0 e 1,5 g L-1 de carvão ativado. Os três experimentos foram avaliados aos 30 dias quanto à presença de calo, o número e comprimento total dos brotos (cm), o número de folhas, a porcentagem de enraizamento e o número e comprimento total das raízes (cm). Microcepas foram mantidas em meio de cultura WPM com 0; 2,2; 4,4; 6,6 e 8,8 μM de BAP e 0 e 1,5 g L-1 de carvão ativado. Após 30 dias de cultivo as microcepas foram subcultivadas em meio de cultura WPM suplementado com 1,5 g L-1 de carvão ativado. Aos 30 dias de cultivo ou de subcultivo as microcepas foram avaliadas quanto à sobrevivência, a porcentagem de brotação, o número e comprimento total dos brotos (cm) e o número de segmentos nodais e de folhas. Segmentos basais apresentaram o maior número e comprimento dos brotos. A adição de 6,6 μM de BAP proporcionou o maior número de brotos. O carvão ativado reduziu a formação de calo e favoreceu o enraizamento. A KIN não favoreceu a formação de brotos. A adição de 8,8 μM de BAP ao meio WPM resulta no maior número de brotos em microcepas subcultivadas em meio WPM com 1,5 g L-1 de carvão ativado.