Óleo essencial de Piper gaudichaudianum Kunth: rendimento, composição química e atividade fungitóxica in vitro
Abstract
Este trabalho descreve a análise sazonal do rendimento e composição química do óleo essencial (OE) da espécie nativa Piper gaudichaudianum Kunth em uma população de Santa Maria, RS, com o objetivo de determinar a época mais adequada para coleta. Também foi verificado o efeito da secagem de folhas sobre o rendimento e a composição química dos OE, a fim de avaliar a possível influência desse processo pós-colheita sobre estas características do extrativo. O EO bem como seu constituinte majoritário tiveram sua atividade fungitóxica avaliada contra fungos fitopatogênicos e apodrecedores da madeira. Os OE de folhas frescas, secas e órgãos reprodutivos (inflorescências e frutos) foram extraídos separadamente através do método de hidrodestilação e em seguida foram determinados seus rendimentos (m/m %). A composição química foi analisada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) e cromatografia gasosa com detector de ionização em chama (CG-DIC). Adicionalmente, os testes fungitóxicos foram realizados através do método de diluição em Ágar usando BSA (batata-sacarose-ágar). A presença de órgãos reprodutivos (OR) não alterou o rendimento do OE de folhas (F) de P. gaudichaudianum no ano observado, apresentando valor mínimo de 1,32% e máximo de 1,61% sem diferença significativa (p > 0,05). A análise química dos OE de F e OR evidenciou que estes são formados preponderantemente pelo fenilpropanóide dilapiol (59,2-87,8%) enquanto que a miristicina foi identificada apenas para os OE de OR. A composição química dos OE não teve influência da sazonalidade e das fenofases, sendo possível a coleta do material vegetal em qualquer época do ano. A secagem das folhas não alterou o rendimento e composição química dos OE. Os OE de F e OR de P. gaudichaudianum apresentaram atividade fungitóxica para os fungos fitopatogênicos (Fusarium moniliforme e Botryosphaeria rhodina) e também para os apodrecedores da madeira (Pycnoporus sanguineus e Gloeophyllum trabeum) em concentrações de 0,25-1,0 μL/mL. Os resultados indicaram que o constituinte majoritário dilapiol é o responsável pela atividade.