A percepção de agricultores e de outros agentes rurais acerca das dimensões ambiental, social e econômica no cultivo de tabaco no município de Arvorezinha (RS).
Fecha
2010-03-01Metadatos
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O reconhecimento de que o tabagismo é um problema mundial fez com que, Estados Membros das Nações Unidas propusessem a adoção do primeiro tratado internacional de saúde pública. Trata-se da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), cujo objetivo precípuo é deter a expansão do consumo de tabaco e seus danos à saúde (INCA 2004). A partir desta convenção começam a surgir em
termos mundiais e de país questionamentos sobre a sustentabilidade do cultivo de tabaco, assim como fortes críticas pelos problemas ambientais desencadeados na
relação estabelecida produtor/ empresas integradoras. Dessa forma, o objetivo central do presente estudo é avaliar qualitativamente as percepções dos agricultores
e de outros agentes rurais acerca das dimensões ambiental, social e econômica do cultivo de tabaco no município de Arvorezinha (RS). Considerando que para atender
tal objetivo os dados quantitativos não conseguem explicar alguns questionamentos sobre o cultivo de tabaco buscou-se, por meio de técnicas qualitativas desvelar tais percepções. As principais técnicas empregadas na pesquisa foram a entrevista
semi-estruturada, observação participante e o caderno de campo, bem como a etapa da revisão bibliográfica. Os resultados evidenciam que existem as mais variadas
percepções no campo de estudo. Evidenciou-se que a principal preocupação dos entrevistados está voltada ao aspecto econômico, sendo este também o principal
motivo que leva os agricultores a cultivarem o tabaco. No geral, os agricultores têm algumas percepções num viés ambiental, dentre eles destaca-se os cuidados com
os solos e a manutenção e ampliação da fauna silvestre. No tocante as percepções acerca da saúde, elas variam entre a crença na imunidade a aceitação do problema causado pelo plantio de tabaco e o seu posterior consumo. Sobre a assistência técnica, no geral as percepções são díspares. Existem agricultores que sentem a necessidade de assistência e outros que consideram o sistema de assistência
técnica eficiente. Em se tratando de legislação ambiental percebe-se que os agricultores possuem, certo receio, dos órgãos que executam as leis, alguns em função disso preservam os recursos naturais, outros, assim mesmo, arriscam e fogem da legislação. As percepções sobre a política da CQCT mostra que tanto os agricultores quantos os agentes rurais desconhecem a medida. Ela não é algo que
vem sendo discutida no dia-a-dia dos envolvidos na cadeia produtiva do tabaco local. Por fim podemos considerar que apesar de muitos agricultores encontram-se descontentes com o cultivo do tabaco existem muitas dificuldades e limitações para substituí-lo. Dentre os entraves para a substituição do cultivo de tabaco os entrevistados citam as limitações geográficas e agroecologicas das propriedades, a
falta de capital para investimento a necessidade de assistência técnica e ainda o saber fazer dos agricultores com as novas propostas alternativas. Há que se ponderar que não é pretensão deste estudo encerrar a discussão sobre as
percepções acerca do cultivo de tabaco, porém ele almeja colaborar para que novos estudos surjam para ampliar o debate sobre a temática. Há que também fazer a
referência que se trata de um estudo de caso limitado em termos espacial, temporal e geograficamente.