A seca na vida das famílias rurais de Frederico Westphalen - RS
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Data
2006-11-17Segundo membro da banca
Castro, Eduardo Guillermo
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O estudo objetiva conhecer o fenômeno seca na região de Frederico Westphalen-RS e compreender como ele é vivenciado pelas famílias rurais deste município. Partindo-se da
premissa de que a seca constitui-se num hazard e num desastre, fez-se, primeiramente, a identificação da ocorrência de secas na região que abrange a Estação Meteorológica de Iraí- RS, da qual o município de Frederico Westphalen-RS faz parte, no período de 1965-2005, além da caracterização quanto à sua freqüência, duração e intensidade. Para tal, utilizou-se a técnica do Balanço Hídrico seriado. Por meio de dados dos decretos municipais de situação de emergência do município, identificou-se os impactos das secas nas atividades agrícolas no período de 1995-2005. Posteriormente, utilizou-se metodologia qualitativa para compreender como as famílias rurais de Frederico Westphalen-RS vivenciam as situações de seca. A amostra foi composta por vinte participantes de ambos os sexos, com idade entre 36 e 83 anos, membros de dezesseis famílias de oito localidades da zona rural. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, realizadas nas residências dos participantes. Do estudo depreende-se que as secas na região em estudo caracterizam-se por sua recorrência, inclusive em alguns anos consecutivos, tendo intensidade de leve a muito forte e duração de até seis meses em alguns anos do período de 1965-2005. O mês em que incide o maior nível de déficit hídrico foi identificado como variável entre dezembro, janeiro,
fevereiro e março. Por esse motivo, os impactos das secas nas atividades agrícolas também são diferenciados de acordo com a época da sua ocorrência e a fase de desenvolvimento dos cultivos. Frente ao fenômeno seca e seus impactos potenciais, as famílias rurais podem experimentar sentimentos como desproteção, impotência e insegurança. O primeiro
(desproteção) decorre de seus limitados recursos para lidar com as dificuldades ocasionadas pelo fenômeno. O segundo (impotência) surge na medida em que a seca vai se manifestando e desencadeando inúmeras perdas: perdas na produção agrícola e, conseqüentemente, perdas na
qualidade de vida (cortes nas despesas com alimentação, lazer e outras necessidades), perda de investimentos (insumos, trabalho), perda de bens (descapitalização) e perda do controle sobre a situação (dependência do auxílio público). O terceiro (insegurança) tem sua origem na própria seca enquanto fenômeno imprevisível que, ao se manifestar, acaba por frustrar inúmeras expectativas, especialmente naquelas famílias altamente dependentes dos ganhos agrícolas e, portanto, vulneráveis a este hazard climático.