Alterações fisiológicas e efeitos sedativos da associação entre buprenorfina e xilazina em equinos
Resumo
Os agonistas α₂-adrenérgicos são amplamente empregados na clínica equina, destacando-se
na terapia antálgica pela intensa sedação e por produzirem moderada analgesia visceral. Os
opióides, apesar de serem utilizados na terapia antálgica de equinos, parecem ainda ter seu
uso relativamente restrito, principalmente pela excitação observada quando da utilização
destes. O estudo teve como objetivo investigar o efeito sedativo e as alterações
hemodinâmicas, pulmonares e digestória decorrentes da utilização da associação
neuroleptoanalgésica entre a buprenorfina e diferentes doses de xilazina. Utilizou-se 6
equinos de ambos os sexos, com média de peso de 400kg. Os animais foram divididos em
quatro grupos autocontrole, sendo grupo controle, administração de solução fisiológica 0,9%
IV, e outros três grupos, com a associação de buprenorfina 10 μg/kg associada a diferentes
doses de xilazina, 0,25 mg/kg (BX25), 0,5 mg/kg (BX50) e 0,75 mg/kg (BX75) IV. Avaliouse
a atividade sedativa, motilidade intestinal, FC, f, PAS, PAM, PAD, parâmetros
hemogasométricos e temperatura corpórea aos 30 min antes, imediatamente antes da
administração de qualquer substância para determinação dos valores basais e aos 5min, 15
min, e a cada 15 min até 120 min após o tratamento. A motilidade intestinal foi avaliada pelo
mesmo período nos mesmos tempos e a cada duas horas até 12 horas após a administração.
Os parâmetros hemogasométricos foram avaliados aos 0, 30 e 60 min. Para as variáveis
paramétricas utilizou-se análise de variância para amostras pareadas, com posterior teste de
Dunnett. Para comparações entre os grupos, realizou-se análise de variância, seguido de teste
de Tukey. Para a variável não-paramétrica, motilidade intestinal, utilizou-se teste de
Wilcoxon para amostras pareadas. As diferenças foram consideradas significantes quando
P<0,05. Foi observado efeito sedativo significante nos três grupos com a associação
neuroleptoanalgésica, perdurando por até 45 min no BX75 com severa ataxia. Observou-se
hipomotilidade 5 minutos após a administração perdurando por 480 min. Os parâmetros
hemodinâmicos elevaram-se após os 45 min, não sendo observadas alterações na frequência
respiratória e nos parâmetros hemogasométricos, ocorrendo aumento somente no HCO3-. Conclui-se que houve efeito sinérgico entre os dois fármacos, mantendo estabilidade
hemodinâmica, com mínimas alterações pulmonares. A hipomotilidade promovida pela
associação deve ser considerada quando usada em equinos com distúrbios gastrintestinais.