Imunoterapia contra pitiose: caracterização molecular de isolados brasileiros de Pythium insidiosum
Resumo
O Pythium insidiosum é um oomiceto aquático causador da pitiose, uma importante
enfermidade em humanos e animais, sendo prevalente em áreas tropicais e subtropicais. No
Brasil foi relatada pela primeira vez em 1974. Desde então vários casos desta enfermidade
tem sido descritos por todo o país. Os insucessos de terapias antifúngicas aliados aos casos
não responsivos à imunoterapia existente impulsionam estudos moleculares a fim de
investigar possíveis variações genéticas entre os isolados brasileiros de forma a contribuir nas
pesquisas para a melhoria do imunoterápico disponível. Assim, o presente estudo teve por
objetivo avaliar a diversidade genética de 30 isolados de P. insidiosum provenientes de
diferentes regiões do Brasil, bem como compará-los com isolados tailandeses, um isolado da
América Central e outro isolado da América do Norte através do sequenciamento e das
análises das regiões do DNA genômico correspondentes à citocromo c oxidase (COX II) e
ITS1, 5.8S rRNA e ITS2 do rDNA (ITS). As análises das sequências de nucleotídeos de
ambas as regiões foram realizadas, individualmente e em combinação, utilizando as seguintes
metodologias: máxima parcimônia (Maximum parsimony, MP); Neighbor-joining (NJ);
máxima verossimilhança (Maximum likelihood, ML); e análise Bayesiana (Bayesian analysis,
BA). Os dados demonstraram que todos os isolados de P. insidiosum são monofiléticos em
relação às outras espécies de Pythium. A análise das sequências do gene COX II subdividiu os
isolados de P. insidiosum em três grupos, cuja disposição demonstra os isolados tailandeses
como parafilético em relação aos isolados brasileiros. As análises moleculares realizadas
neste estudo sugerem uma proximidade evolutiva entre todos os isolados americanos,
incluindo os brasileiros, da Costa Rica e dos Estados Unidos, os quais foram agrupados juntos
em um único grupo. Na análise de network do gene COX II os resultados apresentaram sinais
de uma recente expansão dos isolados de P. insidosum para a América, provavelmente
oriundos do continente asiático. Pela análise do gene COX II foi possível evidenciar os
maiores níveis de variabilidade genética entre os isolados de P. insidiosum avaliados, além
disso, foram demonstrados os maiores níveis de informação filogenética, quando comparada à
análise da região ITS. Contudo, os dois marcadores genéticos selecionados para este estudo
revelaram-se inteiramente congruentes nas relações filogenéticas entre os isolados brasileiros
de P. insidiosum, reunindo-os em um único grupo monofilético o qual não demonstrou haver
variabilidade genética. Os resultados obtidos indicam que a cepa utilizada na produção do
imunoterápico Pitium-Vac
®
é representativa dos isolados brasileiros de P. insidiosum.