Ação protetora da Carya illinoensis sobre a toxicidade induzida por ciclofosfamida em ratos
Resumo
A ciclofosfamida (CP) é um agente alquilante muito usado na terapia anticâncer e imunossupressora. Assim como outros quimioterápicos, este fármaco pode causar danos aos tecidos saudáveis, gerando toxicidade em múltiplos órgãos. Desta forma, o estudo de substâncias naturais capazes de prevenir ou minimizar a toxicidade decorrente do tratamento quimioterápico vem ganhando sua importância. A casca da noz pecã (Carya illinoensis), é um sub-produto de origem vegetal de baixo custo e com elevado potencial antioxidante, constituindo uma substância promissora. O objetivo deste estudo foi verificar se o extrato aquoso bruto do vegetal citado apresenta efeito protetor contra os danos teciduais múltiplos induzidos pela CP. Ratos Wistar receberam água potável ou extrato aquoso bruto (EAB 5%) da casca da noz pecã, ad libitum, no lugar da água de beber até o final do experimento. No trigésimo dia, a metade de cada grupo recebeu uma administração única de veículo ou CP 200 mg/kg-ip. Após 7 dias, os animais foram sacrificados por exsanguinação, para obtenção de plasma e eritrócitos, enquanto alguns tecidos como coração, fígado, rim, testículos e bexiga foram removidos. Parâmetros de estresse oxidativo (EO) foram avaliados através da peroxidação lipídica (LPO), medida por meio da formação de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e glutationa reduzida (GSH) em todos os tecidos avaliados, bem como a enzima catalase (CAT) no coração, fígado, rim e testículos. A enzima superóxido dismutase (SOD) testicular e os níveis plasmáticos de vitamina C (VIT C) também foram determinados. A função testicular foi determinada através dos níveis da enzima lactato desidrogenase (LDH). A bexiga foi submetida à avaliação macroscópica e histopatológica, já que é um tecido intensamente danificado pela CP. Os resultados obtidos demonstraram que o tratamento com CP aumentou os níveis de TBARS e diminuiu os níveis de GSH em todos os tecidos avaliados. A atividade da SOD testicular apresentou-se aumentada, bem como a atividade da CAT no coração. Nos demais órgãos, a atividade desta última enzima encontrou-se diminuída. Os níveis da enzima LDH testicular e os níveis plasmáticos de VIT C também se apresentaram reduzidos. Por último, as bexigas dos ratos tratados com CP mostraram coloração escura e diversas alterações histológicas, tais como: espessamento das camadas, hemorragia, edema, infiltração leucocitária e proliferação vascular. O co-tratamento com EAB foi capaz de prevenir o aumento do TBARS e diminuição do GSH em todos os tecidos, exceto coração e plasma, respectivamente. O extrato também preveniu modificações na atividade da SOD testicular e da CAT em todos os órgãos, exceto no rim. Além disso, o extrato também preveniu as alterações nos níveis de
VIT C plasmática e LDH testicular, bem como as modificações macroscópicas e histopatológicas na bexiga dos ratos tratados com CP. Os resultados apresentados aqui evidenciam os efeitos protetores do EAB das casca da noz pecã sobre a toxicidade generalizada da CP. Deste modo, este sub-produto da indústria da noz pode ser considerado para minimizar os efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento com CP, melhorando a qualidade de vida dos pacientes que necessitam deste quimioterápico.