Caracterização, avaliação antioxidante e citotóxica dos extratos da polpa e da casca de tucumã (Astrocaryum aculeatum)
Resumo
A identificação de compostos bioativos em frutos brasileiros é de extrema importância para a bioprospecção de substâncias naturais com potenciais farmacoterapêuticos. Da mesma forma, as avaliações de perfis de atividade antioxidante e de toxicidade fazem parte dos processos iniciais da exploração de extratos vegetais, sendo incluídos nos parâmetros de eficácia e segurança. Os frutos amazônicos têm se destacado por seus excelentes potenciais terapêuticos em diversos ensaios experimentais. Dentro desse contexto encontra-se o tucumã, um fruto amazônico oriundo de uma palmeira (Astrocaryum aculeatum), amplamente utilizado no estado do Amazonas para a fabricação de doces, sorvetes, licores ou para o consumo in natura. Estudos demonstram a presença de uma grande quantidade de carotenoides na polpa do fruto. No entanto, o fruto carece de informações relacionadas às propriedades antioxidantes e à presença de outros constituintes químicos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os extratos etanólicos da polpa e da casca de tucumã quanto à presença de compostos bioativos, atividade antioxidante e citotoxicidade. A identificação de compostos bioativos e de polifenóis totais foram realizadas por meio de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) e método de Folin-Ciocalteau, respectivamente. As avaliações antioxidantes foram feitas pelo método de sequestro de radicais 2,2- difenil-1-picril-hidrazil (DPPH) e teste de Total Reactive Antioxidant Potential (TRAP). Os ensaios de citotoxicidade foram realizados pelas técnicas de 3-(4,5)-dimetiltialzolil -2,5 difeniltetrazólio (MTT) e exclusão por azul de Tripan. Os resultados demonstraram a presença de uma grande quantidade de polifenóis na casca (790,9 ± 43,65 mg/100g) e na polpa (663,9 ± 92,40 mg/100g) do fruto. Além disso, foi verificada a presença de compostos bioativos importantes, como flavonoides (casca = 77,9 ± 0,02 mg/100g; polpa = 40,6 ± 0,06 mg/100g), taninos (casca = 26,4 ± 0,01 mg/100g; polpa = 6,4 ± 0,05 mg/100g) e alcaloides (casca = 1,3 ± 0,29 mg/100g; polpa = 0,7 ± 0,05 mg/100g). Dentre os compostos identificados estavam beta-caroteno, rutina, quercetina, ácido gálico, ácido cafeico e ácido clorogênico, com concentrações superiores na casca em relação à polpa (com exceção do ácido gálico). Os extratos apresentaram alta atividade antioxidante, com valores de IC50 correspondentes a 8,98 ± 0,39 μg/ml (casca) e 11,24 ± 0,461 μg/ml (polpa), para o método de TRAP, e 102,38 ± 4,8 ng/ml (casca) e 224,57 ± 3,9 (polpa) para o método de DPPH. No entanto, em concentrações superiores a 100 μg/mL, ambos os extratos apresentaram efeitos citotóxicos. Os resultados sugerem que os extratos etanólicos da polpa e da casca de tucumã apresentam alta atividade antioxidante, com a presença de compostos bioativos que demonstram excelentes potenciais farmacoterapêuticos.